Dilma assina acordos que duplicarão comércio Brasil-México

Em 2014, o comércio entre Brasil e México alcançou quase US$ 10 bilhões, um aumento de 100%, em relação a 2004. Mas, para a presidenta Dilma Rousseff, as cifras são pequenas diante das possibilidades presentes e futuras. “Nossos números estão aquém do nosso potencial, do tamanho da nossa economia e da força dos nossos povos”, disse ela nesta terça-feira (26), durante sua primeira visita de Estado ao país.

Dilma e o presidente Enrique Peña Nieto

E, concordando com uma afirmativa do seu colega mexicano, o presidente Enrique Peña Nieto, afirmou que os dois países têm condições de dobrar esse intercâmbio em alguns anos. “Foi por acreditar nisso que nós negociamos importantes acordos setoriais, que atualizam as novas relações”.

Para atingir essa meta, os dois países efetivaram, entre os diversos atos assinados, um avanço substancial para incrementar os investimentos entre as maiores economias da América Latina. Trata-se do Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI), que fixa as regras de cada nação para fechar negócios dentro de seus respectivos marcos regulatório e define os mecanismos para redução de riscos e prevenção de controvérsias.

“De fato, é o primeiro acordo de facilitação e cooperação, na área de investimentos, que o Brasil assina neste continente. [americano]. Demos esse passo porque acreditamos que temos, com o México, uma parceria das mais importantes, em termos de investimentos e negócios”, afirmou.

Dilma e o presidente mexicano Penã Nieto assinaram também acordos para os setores de serviços aéreos, pesca e aquicultura, turismo, agricultura tropical, desenvolvimento sustentável e cooperação científica e tecnológica.

Novo patamar

Para a governante brasileira, os vários acordos assinados lançam as negociações comerciais em um patamar mais elevado. “E lançam também a nossa proteção aos investimentos recíprocos em um ambiente de maior segurança. Refletem, sobretudo, a importância que nós atribuímos às nossas relações bilaterais”, completou.

Dilma lembrou ainda que, as negociações que se iniciarão a partir de julho, vão ampliar o Acordo de Complementação Econômica (ACE) Nº 53 Brasil-México, que regulamenta o comércio bilateral dos dois países desde 2002 e que, hoje, abrange mais de 800 produtos. “O que é aparentemente muito, mas, para nós, é pouco, tendo em vista os mais de seis mil produtos que podemos levar a um acordo e beneficiar reciprocamente as nossas economias”, acrescentou.

Histórico de parcerias

Durante almoço em sua homenagem oferecido pelo presidente mexicano, Dilma lembrouque os dois países estiveram juntos na década passada em diversos momentos-chave da política internacional, como na oposição à invasão do Iraque, em 2003. Por isso mesmo, enfatizou, “devemos trabalhar ao máximo para aproximar nossas posições, evitar falsos antagonismos, aproveitar a natureza e todas as possibilidades comuns que os nossos povos apresentam”.

“É com esse espírito que fizemos dessa região um espaço de paz hoje, um modelo para o resto do mundo. Vivemos muitos anos, quase séculos, em paz”, acrescentou. Para ela, diferentemente do que “uns poucos pensam”, os dois países têm muito em comum.

“Somos latino-americanos, países em desenvolvimento, de grande território, de grande população. Somos economias emergentes, que promovem a integração e o multilaterismo como meios para atingir uma ordem internacional próspera, justa e democrática. Temos expressivas manifestações em nossas culturas nacionais. E o México, nós sabemos, é o berço de uma das mais importantes civilizações da história da humanidade”, afirmou.

Atuação conjunta contra a crise

Ela recordou que ainda em 2003, “criamos o G20 Comercial na Cúpula da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún. Essa iniciativa mudou as negociações multilaterais de comércio, tornando-as mais justas e equilibradas”, acrescentou. Também a atuação conjunta dos dois países no G20 Financeiro, destacou Dilma, tem sido importante para mitigar os efeitos da crise iniciada em 2008.

América Latina

Brasil e México também foram parceiros na criação da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), “onde demonstramos que podemos encontrar, na diversidade de nossa região, pontos de convergência e de convívio benéfico”.

E, sobretudo, acrescentou a presidenta, a cultura latino-americana estará sempre incompleta quando não reconhecer que aprendeu muito com o México nos últimos séculos. “Aprendemos com México que a humanidade foi capaz de fazer uma civilização na chamada mesoamérica pré-colombiana, de porte a estar à altura de todas as grandes civilizações. Isso é um fator de orgulho que faz a nossa identidade de latino-americanos”.

Liberdade e justiça social

E, acrescentou a presidenta Dilma, “aprendemos com o México, porque a revolução mexicana foi a primeira do século passado a lançar na América Latina os valores das liberdades e dos direitos à uma vida digna para nossas populações, da justiça social e da democracia, da soberania de nossos países. A primeira a lançar as bases para o que nós queremos: a criação de uma grande classe média latino-americana”.

Para os dois países, disse, o fim da miséria, a superação da pobreza extrema é sempre só um começo, para que os países sejam capazes de fornecer serviços de qualidade, sobretudo educação de qualidade para suas populações.

“Aprendemos também e vivenciamos aqui no México, como é bom ser recebido num país democrático, quando os seus países sofrem com as mais duras ditaduras, e o México foi acolhedor para brasileiros e latino-americanos de todas as partes do nosso continente”.

Por tudo isso, “México e Brasil possuem um legado comum de realizações e um futuro repleto de oportunidades. Cabe a nós fazer com que essas circunstâncias e esse potencial se realizem plenamente”, concluiu.