Urariano Mota: Uma mensagem para Luciana Santos

Na posse da primeira mulher como presidenta do Partido Comunista do Brasil, bem sei que os discursos são todos de alto volume e voltagem, porque o momento e o feito merecem comemoração e o calor de aplausos.

Por Urariano Mota*, especial para o Vermelho

Futura presidente do PCdoB se reúne com militantes no Amazonas - Agência Câmara

Mas do meu canto, lembro de coisas mais simples e sem ressonância. Em 2000, na primeira campanha de Luciana Santos para a prefeitura, eu ensinava redação no Colégio Dom Bosco, em Olinda. Ali, pude conseguir que a diretoria aceitasse a presença da candidata nas turmas, para que ela falasse aos alunos do nível médio. Muito contra a vontade da direção do colégio, ela foi, falou e conquistou a simpatia de rapazes e moças. Naquela campanha para a prefeitura de Olinda, Luciana Santos era uma incerteza de vitória.

Depois, sob uma campanha suja, em que ela era “acusada” até de consumo de drogas, ouvi nas filas de votação de um jovem popular : “Tão dizendo que ela é maconheira, é? Ôxe, então é com ela que eu vou. É comigo mesmo”. E Luciana se elegeu, com os votos de maconheiros, marginalizados, trabalhadores e donas de casa. E o seu governo foi bom para a cidade.

Enfim, falo agora, para aderir ao tom geral dos discursos: registro que a ascensão de uma militante à presidência do Partido Comunista do Brasil vem, antes de mais nada, em razão do lugar especial e único em que ela ascende. Por todos os méritos que Luciana Santos possui, eles vêm à luz em um partido que os reconhece, estimula e faz da mulher uma agente de luta e transformação social. Em segundo lugar, essa ascensão da nova e primeira presidenta vem do seu valor de militante, que entre outras qualidades possui uma prática de massa, de carisma dentro e fora do partido.

Que Luciana Santos tenha um mandato na altura dos presidentes que a precederam, e que se mire na história dos aguerridos comunistas de ontem e de hoje, são os meus votos.

*Urariano Mota é colunista da Rádio Vermelho.