Juca Ferreira: A cultura no centro do desenvolvimento
A cultura não é a cereja do bolo. No mundo contemporâneo é uma dimensão central do desenvolvimento. Nesta nova fase à frente do Ministério da Cultura, estou disposto a estruturar políticas públicas que impulsionem a economia da cultura em nosso país. Para realizar esse objetivo é preciso trabalhar pelo desenvolvimento regional, considerando as vocações específicas de cada localidade.
Por Juca Ferreira*, no portal do MinC
Publicado 02/06/2015 09:43
Tenho promovido caravanas pelo Brasil em busca de estabelecer contato com artistas, produtores e gestores culturais justamente para começarmos a identificar essas vocações e constituirmos novos pactos e parcerias. É para isso que irei à Baixada Santista nesta terça-feira (2). Minha visita começará pelo Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), um projeto que começou durante minha passagem anterior pelo MinC, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Depois de nosso governo promover a mais importante inclusão econômica e social da história brasileira, identificamos a necessidade de investir com vigor no acesso à cultura. A região noroeste de Santos foi uma das beneficiadas com um CEU das Artes. A obra começou há cerca de um ano e neste mês liberamos os recursos adicionais para que a prefeitura possa continuá-la. Apesar do ajuste fiscal e dos consequentes cortes orçamentários, estamos garantindo prioridade para a conclusão dessa importante obra.
Também visitarei um dos mais bem-sucedidos Pontos de Cultura de que temos notícia. Hoje uma Lei Federal, o programa Cultura Viva, reconhece e premia grupos culturais que passam a receber recursos para a manutenção de suas atividades e um kit multimídia com equipamentos digitais e conexão à internet, garantindo assim que possam produzir conteúdos e os distribuírem pela rede.
A Baixada Santista possui vários Pontos de Cultura. Entre eles, o projeto Arte no Dique, que mantém um centro cultural nas imediações de um bairro de casas de palafitas. Há mais de dez anos na Cidade, o projeto faz um fundamental trabalho de inclusão social e cultural.
Muitos Pontos de Cultura viveram dificuldades em função de problemas com as gestões anteriores, por isso aproveito a ocasião para reafirmar nosso compromisso com a retomada e fortalecimento do programa. Encerrarei a visita a Santos no Theatro Guarany, patrimônio histórico restaurado com apoio do ministério. Nele, realizaremos um diálogo aberto a artistas, produtores e gestores dispostos a apresentarem suas demandas e em conhecer nosso planejamento.
A Baixada Santista alia memória e invenção. Seus prédios nos contam sobre o período colonial, o ciclo da imigração, o apogeu do café e a inventividade dos modernos. A memória de seus quilombos nos ajuda a preservar a tradição ancestral do povo negro. No corpo do Porto mais movimentado do país reside parte da história da cultura do trabalhador, que construiu o Brasil nos braços da estiva e nas lutas de resistência.
Porto esse que também é uma ponte para nossa terra e nos trouxe povos que adubaram a nossa singular miscigenação. Já nos escritos de Pagu, nas peças de Plínio Marcos, na música do maestro Gilberto Mendes, nos inventos do frade Bartolomeu de Gusmão, a Baixada nos apresenta sua face libertária e imprevisível. A mesma face que se desvela na ginga de Pelé, Pepe, Coutinho, Robinho e Neymar, maestros do futebol-arte, nosso orgulho nacional. Por tudo isso, considero a região de Santos essencial para o nosso desenvolvimento cultural.