Grécia adia pagamento ao FMI até o fim do mês

O governo da Grécia solicitou formalmente ao FMI (Fundo Monetário Internacional) agrupar as quatro parcelas de sua dívida com os credores internacionais em um só pagamento, com data prevista para o final do mês de junho, no dia 30.

Alexis Tsipras

Segundo o porta-voz do FMI, Gerry Rice,  a Grécia deve quitar € 1,6 bilhão neste mês — a primeira parcela do pagamento, de € 305 milhões, estava prevista para ser efetuada nesta sexta-feira (5), o que não vai mais acontecer.

Apenas algumas horas antes do anúncio do atraso, a presidente do FMI, Christine Lagarde, havia dito estar “confiante” de que a Grécia faria o pagamento desta sexta-feira. Mais do que isso, o próprio Tsipras, no começo do dia, havia garantido que o acordo final estava “próximo”: “já fizemos pagamentos maiores”.

Como foi adotada apenas no último momento, a manobra grega está sendo vista por muitos como uma forma do governo de Alexis Tsipras ganhar tempo para conseguir negociar com os outros credores da dívida grega — a União Europeia, o Banco Central Europeu e também o próprio FMI — com mais tranquilidade, sem a ameaça de suspensão dos empréstimos.

Ademais, também corre a notícia de que a Grécia possui atualmente o montante que seria necessário para fazer o primeiro pagamento, apenas optou por não fazer a transferência para a conta do FMI em Washington. A decisão do adiamento, portanto, seria política, uma espécie de aceno à ala mais radical do partido esquerdista Syriza na Grécia.

Conforme explicou o porta-voz do FMI, há uma normativa do fundo que autoriza esse tipo de manobra adotada agora pelos gregos, mas só havia sido utilizada uma vez, pela Zâmbia, no fim dos anos oitenta. Se um país tem que pagar diversas parcelas ao longo de um mês ao fundo, existe a opção de agrupar todos os aportes em um só pagamento no fim do mês. Basta ao governo do país em questão comunicar o FMI da sua intenção.

O premiê grego, Alexis Tsipras, se reuniu com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Duncker, e com o chefe do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. Os credores gregos querem obrigar o governo Tsipras a cumprir algumas condições: índices mínimos de superávit, acelerar as privatizações e algumas medidas que flertam com a volta da austeridade, como aprovar em regime de urgência cortes significativos nas pensões públicas.