Banditismo sindical tenta impedir eleições de sindicatos no RJ

Mais de 200 capangas, transportados em dois ônibus que vieram de São Paulo, invadiram e depredaram a sede do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, na Rua André Cavalcanti na Lapa.

O atentado ocorreu na madrugada dessa quarta-feira (17) e, segundo os próprios presos, foi feito por pessoas contratadas para tumultuar o processo eleitoral. Como o Brasil inteiro está acompanhando, o Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro passa por processo eleitoral que está sendo realizado pela justiça do trabalho após a mesma intervir no Sindicato e pôr fim a décadas de controle da máquina sindical pela família Mata Roma. Esse sequestro da entidade sindical deixou um rombo de cerca de R$ 100 milhões nos cofres do sindicato, já confirmado pela auditoria realizada pela intervenção. Junto com os capangas armados com cassetetes, rojões e outros tipos de armamentos foi encontrado também material da Chapa 3, patrocinada pela UGT e aliada da família Mata Roma.


Capangas contratados para tumultuar a eleição em frente à Delegacia da Lapa.

Segundo a polícia, os detidos confessaram que foram contratados para fazer confusão na eleição que está marcada para acontecer nesta quarta. Com eles foram apreendidos rojões, cassetetes e soco inglês. Os oito andares do prédio do sindicato foram depredados. O Batalhão de Choque da Polícia Militar está ajudando na transferência dos presos. O interventor José Carlos Nunes, nomeado pela Justiça para atuar no sindicato em meio a denúncias de corrupção, uso inapropriado do sindicato e nepotismo, afirmou que a eleição está mantida e o processo transcorre sem maiores problemas até o momento.


Os 8 andares do sindicato foram depredados por capangas contratados para tumultuar a eleição.


Havia sujeira e depredação por todos os lados, numa ação inconsequente que causa mais danos ao patrimônio dos trabalhadores.

Capitania hereditária sindical

A família Mata Roma está à frente do Sindicato dos Comerciários há quase 50 anos. Luizant Mata Roma, nomeado pelo governo militar, foi o presidente durante 40 anos. Quando morreu em 2006, o filho dele – Otton da Costa Mata Roma – assumiu o cargo. Na lista de funcionários se encontram 15 pessoas da família Mata Roma com salários que variavam entre R$ 10 mil e R$ 23 mil. Uma auditoria contratada pela Justiça investigou a contabilidade entre os anos de 2009 e 2014 e descobriu um rombo de R$ 100 milhões. O valor reúne as diferenças encontradas nas contas do sindicato, despesas suspeitas com advogados, dívidas em impostos, juros e multas e outros gastos.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – Rio de Janeiro repudia as manobras golpistas e truculentas que tentam impedir que o legítimo processo eleitoral devolva o sindicato à categoria, desejo antigo dos comerciários do Rio de Janeiro. O atentado feito à sede do Sindicato dos Comerciários é um ato grave e precisa ser condenado por todos aqueles que lutam pelas liberdades democráticas. Esse fato denuncia que essa prática mafiosa que não tem mais espaço no movimento sindical e precisa ser extirpada do nosso meio. Lamentamos profundamente que existam centrais sindicais que se prestem ao papel de atuar ou apoiar esse tipo de atividade golpista que acaba por manchar a imagem de todo o movimento sindical. A CTB e seus militantes, no entanto, não irá se intimidar e seguimos na luta para resgatar não só o Sindicato dos Comerciários para os trabalhadores, mas lutar para libertar todos aqueles sindicatos ainda atrelados a essas máfias que desprezam a democracia e a participação dos trabalhadores e das trabalhadoras nas decisões das suas entidades representativas.