Localizado acervo do Museu da Guerrilha do Araguaia 

A Comissão da Verdade do Pará localizou, com o apoio do sociólogo e professor Alex Costa Lima – filho caçula do sindicalista Raimundo Ferreira Lima, o "Gringo", assassinado em 29 de maio de 1980 – um precioso acervo sendo destruído pela ação do tempo e do poder público: O Museu da Guerrilha do Araguaia, em São Geraldo do Araguaia (PA). O prédio, construído pelo exército, também, está em vias de desabamento. 

Localizado acervo do Museu da Guerrilha do Araguaia - Digitalização Jean Brito

A coleção, que reunia mais de seis mil itens – entre botânica, zoologia, arqueologia, antropologia, história, etnografia e ciências sociais – está em franco processo de deteriorização. As condições do acervo indicam mais de quatro anos de fechamento e total abandono.

A Comissão da Verdade do Pará informou que há alguns anos a Secretaria da Cultura do estado e a Universidade Federal do Pará (UFPA) no estabelecimento de parceria por conta do riquíssimo acervo reunido em mais de 30 anos pelo funcionário público Eduardo Lemos Porto, que já não mora mais no Pará.

“Em nossa descoberta deparamo-nos com o arquivo que trata da prisão dos padres do Araguaia, Francisco Gouriou e Aristide Camio, e da agente pastoral Oneide Costa Lima, em 1981. Tudo indica de que, nesse caso, pode tratar-se dos arquivos da própria Igreja Católica e de parte da memória do movimento social camponês entre às décadas de 1970 e 1980”, afirmou Paulo Fonteles, membro da Comissão da Verdade do Pará.

E anunciou que a Comissão da Verdade do Pará – em conjunto com a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e com o Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp) estará realizando uma diligência com vistas a avaliar o acervo, os danos e, sobretudo, assegurar sua não-extinção e completa digitalização.

Também foi anunciada a adoção de medidas jurídicas no sentido de resguardar o patrimônio das lutas pelas liberdades públicas, pela posse da terra e democracia.

Segundo Fonteles, citando o cineasta Patricio Guzmán, em "Nostalgia da luz": “A memória é como a gravidade: ela nos atrai.”