Thierry Meissan: Em direção ao fim do sistema Erdoğan

Thierry Meyssan, que havia predito a queda de Recep Tayyip Erdoğan, já em dezembro de 2014, enquanto a totalidade dos analistas internacionais persistia em crê-lo vencedor das eleições legislativas, revê neste artigo a carreira do presidente turco. Nesta síntese, ele lança luz sobre os laços do AKP com os Irmandade Muçulmana, e o papel de Erdoğan na coordenação do terrorismo internacional, após o atentado contra o príncipe saudita Bandar bin Sultan.

Recep Tayyip Erdogan

O resultado das eleições legislativas turcas não ameaça apenas os projetos de Recep Tayyip Erdoğan, que se via já como um novo Sultão, mas o próprio poder do seu partido, o AKP. Cada um dos três outros partidos (MHP conservador, CHP socialista e HPD esquerda) afirmou recusar formar governo de coalizão com ele, e desejar, pelo contrário, formar uma coligação a três. No caso em que não o conseguissem, no prazo de até 45 dias, seria de toda a conveniência, então, ou confiar aos socialistas o cuidado de formar uma coligação governamental – uma opção já descartada pelo AKP –, ou de convocar, de novo, eleições legislativas.

Este cenário parece ainda improvável, tal como o resultado da eleição parecia impossível à quase totalidade dos comentaristas políticos até ao escrutínio de 7 de junho. No entanto, ao assinar, a 1 de dezembro de 2014, um acordo econômico com Vladimir Putin, para lhe permitir contornar as sanções da União Europeia (Turkish Stream) (Gasoduto Turco), Erdoğan desafiou as regras implícitas da Otan. Ao fazê-lo, ele tornou-se o homem a abater tanto para Washington como para Bruxelas. Os Estados Unidos trataram, pois, de forma encoberta, de exercer bastante influência, durante a campanha eleitoral, no sentido de tornar possível o derrube do AKP.

Para esta eleição, Erdoğan fixou o objetivo de ganhar 400 assentos em 550. Na verdade, para fazer adotar uma constituição, talhada à medida, que lhe concedesse plenos poderes executivos, ele esperava 367 lugares. Caso tal não sucedesse, ele ter-se-ia contentado com 330 lugares, o que teria lhe permitido convocar um referendo, que teria adotado o projeto de Constituição de maioria simples. De qualquer forma, ele precisava de ter 276 para dispor da maioria parlamentar, mas ele não terá lá senão 258, o que é insuficiente para manter o poder sozinho.

O domínio do AKP, desde 2002, explicava-se, ao mesmo tempo, tanto pelos seus bons resultados econômicos, como pela divisão da sua oposição. No entanto, a economia turca está em plena decadência: a taxa de crescimento que roçou os 10%, durante uma década, entrou em queda a partir da guerra contra a Líbia, depois a partir da operação secreta contra a Síria. Está atualmente em 3%, mas poderá rapidamente tornar-se negativa. O desemprego cresceu de repente e atingiu os 11%. Estas guerras foram, com efeito, desenvolvidas contra os aliados da Turquia e seus parceiros econômicos indispensáveis. Quanto à divisão da oposição a CIA, que no passado a havia envenenado, apressou-se a remediá-la.

A coisa foi fácil, tendo em conta a ladainha de queixas que o autoritarismo de Erdoğan tem suscitado. A união da oposição já se tinha dado, na base, em junho de 2013, durante as manifestações de Praça Taksim Gezi. Mas o movimento havia falhado, primeiro, porque na época Erdoğan foi apoiado por Washington, e porque tinha permanecido apenas como um movimento urbano. Na altura, os manifestantes protestavam, à primeira vista é certo, contra um projeto imobiliário, mas, sobretudo, também contra a ditadura da Irmandade Muçulmana e a guerra contra a Síria.

Constatando que esse movimento não tinha conseguido derrubá-lo, o AKP pensava, erradamente, ser imbatível. Tentou, pois, forçar a passagem do seu programa islamista (lenços para as mulheres, proibição de coabitação para solteiros do sexo oposto, etc.). E isto, enquanto a imagem pura do Sultão foi subitamente posta em causa, pela revelação da corrupção da sua família. Em fevereiro de 2014, ouviu-se, através do que parecia ser uma escuta telefônica, Erdoğan pedir ao seu filho para esconder 30 milhões, em dinheiro, antes de uma busca policial [1].

Tudo isso sem falar da purga contra os fiéis do seu antigo aliado, Fethullah Gulen [2], da prisão em massa de generais, de advogados e de jornalistas [3], do descumprimento das promessas feitas aos Curdos, e da construção do maior palácio presidencial no mundo.

Este fracasso é consequência da sua política externa

O fracasso de Recep Tayyip Erdoğan não provém de decisões internas, é a consequência direta da sua política externa. Os resultados econômicos excepcionais dos seus primeiros anos não teriam sido possíveis sem a ajuda, camuflada, dos EUA, que queriam fazer dele o líder do mundo sunita. Eles foram travados, em 2011, pela junção de Ancara à operação de destruição da Jamahiriya Árabe Líbia, que era, até aí, o seu segundo parceiro econômico. A Turquia retomou os laços históricos que ela tinha tido com a tribo dos Misratas, principalmente os Aghdams, ou seja, os judeus turcos convertidos ao Islã, que se haviam instalado na Líbia nos séculos 18 e 19.

A Turquia estava ciente, que ao atacar a Líbia perderia um mercado muito importante, mas, esperava ficar a controlar os governos dirigidos pela Irmandade Muçulmana, logo na Tunísia, depois, possivelmente, na Líbia, no Egito e na Síria. O que realmente aconteceu nos dois primeiros Estados, em 2012, mas que não durou muito.

Ancara envolveu-se na guerra contra a Síria. Foi em solo turco que a Otan instalou o quartel-general de coordenação de operações. Durante a primeira guerra (a de 4ª geração), indo de fevereiro de 2011 à conferência de Genebra 1 (de junho 2012), a Otan transferiu para a Turquia os combatentes da Al-Qaida na Líbia, de modo a criar o “Exército Livre da Síria”. Erdoğan contentava-se em fornecer as bases de retaguarda, camufladas como “campos de refugiados”, enquanto a imprensa ocidental, cega, apenas via uma “revolução democrática” (sic), na linha das “Primaveras Árabes” (re-sic).

Em junho de 2012, a vitória eleitoral dos Irmãos Muçulmanos no Egito podia levar a pensar num futuro brilhante da Irmandade. Erdoğan também seguiu o projeto de Hillary Clinton, do general David Petraeus e de François Hollande de relançar a guerra contra a Síria, desta vez, segundo o modelo nicaraguense. Não se tratava já de apoiar uma operação secreta da Otan, mas de jogar um papel central numa guerra clássica da maior amplitude.

Recep Tayyip Erdoğan, coordenador do terrorismo internacional

Quando em julho de 2012, o Eixo da Resistência reagiu ao assassinato de membros do Conselho de Segurança Nacional Sírio, tentando matar o príncipe saudita Bandar ben Sultan, Recep Tayyip Erdoğan aproveitou a sua oportunidade. Ele colocou a Turquia, em substituição da Arábia Saudita, na manipulação do terrorismo internacional.

Em dois anos, mais de 200 mil mercenários, vindos dos quatro cantos do mundo, transitaram pela Turquia para combater a jihad na Síria. O MIT – os serviços secretos turcos— colocou em ação um vasto sistema de tráfico de armas e de dinheiro para alimentar a guerra, pago, principalmente, pelo Catar e supervisionado pela CIA.

Erdoğan instalou três campos de treino da al-Qaida, sobre o seu território, em Şanlıurfa (fronteira síria), em Osmaniye (ao lado da base da Otan de Incirlik), e em Karaman (perto de Istambul), onde ele montou uma academia do terrorismo na tradição da Escola das Américas [4] [5].

A polícia e a Justiça turcas mostraram que Erdoğan era – como o antigo vice-presidente norte-americano Dick Cheney – amigo pessoal de Yasin al-Qadi, o “banqueiro de al-Qaida”. Até que ele seja retirado da lista internacional de terroristas, foi deste modo, em todo o caso, como o FBI e as Nações Unidas o qualificaram, em outubro de 2012. Durante o período em que era mundialmente procurado, Yasin al Qadi, viajava secretamente para Ancara, em avião particular. Os guarda-costas de Erdoğan iam buscá-lo ao aeroporto, não sem antes ter, primeiro, desativado as câmaras de vigilância [6].

A 18 de março de 2014, uma gravação transmitida no YouTube permitia ouvir um diretor da Turkish Airlines, Mehmet Karataş, queixar-se junto de um conselheiro Erdoğan, Mustafa Varank, que a sua companhia tinha sido usada pelo governo para transferir, secretamente, armas para a Boko Haram, na Nigéria. O alto funcionário não se preocupava por ter violado o direito internacional, mas, deplorava que estas armas pudessem servir para matar não apenas cristãos, mas também muçulmanos.

Em maio de 2014, o MIT transferiu, por trem-br especial, para o Daesh enorme quantidade de armas pesadas e de “pick-ups” Toyota. Completamente novas, oferecidas pela Arábia Saudita. O Emirado Islâmico, que não era então senão um grupo de algumas centenas de combatentes, transformava-se, num mês, num exército de dezenas de milhares de homens e invadia o Iraque.

Durante os quatro últimos meses de 2014, a Turquia impediu os Curdos do PKK de correr em socorro dos seus em Kobane (Aïn al-Arab), quando a cidade foi atacada pelo Daesh. Numerosos jornalistas atestaram que, pelo contrário, os jihadistas podiam livremente atravessar a fronteira [7].

A 19 de janeiro de 2015, a polícia, a pedido do procurador, interceptou um comboio transportando armas destinadas ao Daesh. No entanto, as buscas policiais foram interrompidas, quando se descobriu que o comboio era conduzido por agentes do MIT. No seguimento, os procuradores e o coronel da polícia foram detidos por “traição” (sic). Durante a instrução do seu processo um magistrado deixou filtrar para a mídia, que o MIT tinha fretado um total de 2. 000 caminhões de armas para o Daesh [8].

A coluna vertebral do sistema terrorista turco é facilmente identificável: em 2007, a Academia Militar de West Point mostrou que os homens do Emirado Islâmico no Iraque provinham da al-Qaida na Líbia (GICL). Os mesmos mercenários foram usados para derrubar Muamar el-Kadafi, em 2011 [9], depois para formar o Exército Livre da Síria (os “moderados”) [10]. Os membros sírios do Emirado Islâmico, no Iraque, criaram a al-Qaida na Síria (Frente al-Nusra). Numerosos combatentes líbios e sírios voltaram ao seio do Emirado Islâmico no Iraque, quando este se rebatizou como "Daesh", e enviou quadros para a Boko Haram (Nigéria).

A implicação pública da Turquia no conflito

A Turquia tira um grande proveito da guerra contra a Síria. Em primeiro lugar, ao organizar a pilhagem dos seus tesouros arqueológicos. Um mercado público foi mesmo instalado em Antioquia, para que os colecionadores do mundo inteiro pudessem comprar as peças roubadas e fizessem encomendas das obras a roubar. Em seguida, organizando a pilhagem industrial de Alepo, a capital econômica da Síria. A Câmara de Comércio e Indústria de Alepo mostrou como as fábricas foram sistematicamente desmontadas, as máquinas-ferramenta transferidas para a Turquia, sob o olhar atento do MIT. Os Sírios apresentaram queixa na Justiça, mas, os seus advogados turcos foram imediatamente detidos pela administração Erdoğan e ainda estão presos.

Já passou muito tempo desde que o exército turco enviou Forças especiais para Síria – vários soldados turcos foram feitos prisioneiros pelo Exército árabe sírio –. No entanto, ela coordenou o ataque à aldeia cristã de Maaloula, em setembro de 2013; uma aldeia que não tem nenhum interesse estratégico, mas que é o mais antigo local de culto cristão no mundo. É importante ressaltar que, em março de 2014, o Exército turco entrou na Síria para escoltar os jihadistas, da Frente Al-Nusra (Al-Qaida) e do Exército do Islã (pró-Saudita), até à cidade armênia de Kassab, com a missão de massacrar os habitantes cujos avós tinham fugido do genocídio perpetrado pelos otomanos [11]. Sem surpresa, a França e os Estados Unidos opuseram-se a uma condenação desta agressão pelo Conselho de Segurança. Posteriormente, o Exército turco entrou várias vezes em território sírio, mas nunca travou aí quaisquer outras batalhas.

O peso dos crimes de Recep Tayyip Erdoğan

A imprensa turca debruçou-se largamente sobre os crimes da administração Erdoğan, o que alienou dela, permanentemente, as populações alevitas (próximas dos alauítas) e curdas. As primeiras apoiam, maciçamente, o CHP, e os segundas o HPD. Mas, foi insuficiente para fazer cair o novo Sultão.

O erro ocorreu, em 1º de dezembro de 2014, quando Erdoğan assinou um gigantesco acordo econômico com o presidente Putin, que ele vê erradamente como um Czar e, portanto, como um modelo. Talvez ele tema que os Estados Unidos se voltem contra ele, uma vez a Síria vencida, do mesmo modo como eles se voltaram contra Saddam Hussein, uma vez o Irã esgotado. Ainda que pretendendo jogar em dois tabuleiros, o Leste e o Oeste, Erdoğan perdeu o apoio que lhe dava, sem falhar, a CIA desde 1998.

O percurso de Recep Tayyip Erdoğan

Quando adolescente, Erdoğan pensava empreender uma carreira de futebolista. Condutor de homens, personalidade carismática, ele viveu nas ruas à cabeça de um grupo de arruaceiros. Rapidamente se juntou à Millî Görüş (literalmente: “Visão Nacional”, devendo ser entendida no contexto de censura como “Islã político”) de Necmettin Erbakan, cujo programa era o de reislamização da sociedade. Ele militou num grupo de extrema direita anticomunista, e, participou em diversas manifestações antijudaicas e antimaçônicas.

Eleito para o Parlamento em 1991, foi proibido de exercer o cargo por causa do golpe de Estado e da repressão que se abateu sobre os islamitas. Eleito prefeito de Istambul, em 1994, exerceu as suas funções sem impor a sua visão islamita. No entanto, quando da proibição do seu partido, foi condenado por ter recitado, durante um dos seus discursos, um poema pan-turquista. Ele amargou 4 meses de prisão e foi proibido de se apresentar às eleições.

Libertado, alegou ter quebrado com os erros do passado. Abandonou a sua retórica antiocidental provocando a divisão do movimento de Necmettin Erbakan. Com a ajuda da embaixada dos EU, ele fundou, então, o AKP, um partido, ao mesmo tempo, islamita e atlantista, no qual ele integrou não somente os seus amigos da Millî Görüş, como também os discípulos de Fethullah Gullen, e os antigos partidários de Turgut Özal. Este último, era um curdo sunita que foi presidente de 89 a 93. O AKP venceu as eleições em 2002, mas estas foram anuladas. Ganhou, igualmente, as eleições de 2003, o que permitiu a R. T. Erdoğan tornar-se finalmente Primeiro-ministro, quebrada que foi a sua interdição política.

Chegado ao poder, Erdoğan olvidou impor os seus pontos de vista islamistas. Ele desenvolveu a economia, com a ajuda dos Estados Unidos, e, a partir de 2009, começou a implementar a teoria do professor Ahmet Davutoglu (um discípulo de Fethullah Gullen) de “de zero problemas com os nossos vizinhos”. Tratava-se de resolver, com um século atraso, os conflitos herdados do Império Otomano. Entre outras coisas, ele organizou, em 2009, um mercado comum com a Síria e o Irã levando a um boom econômico regional.

O AKP e a Irmandade Muçulmana

Embora tendo um trajeto diferente, a Millî Görüş sempre mostrou interesse pela Irmandade Muçulmana egípcia. Assim, ela traduziu as obras de Hassan el-Banna e de Qutb Said.

O AKP aproximou-se, oficialmente, da Irmandade Muçulmana quando da guerra levada a cabo por Israel contra o povo de Gaza, em 2008-09. O que conduziu o governo Erdoğan a apoiar, e a participar, do projeto Flotilha da Liberdade, organizada pelos Irmandade sob cobertura de uma organização humanitária, a IHH, e sob o olhar vigilante da CIA [12].

Desde os primeiros dias da Primavera Árabe, o AKP apoiou Rached Ghannouchi na Tunísia, Mahmoud Jibril na Líbia, e Mohamed Morsi no Egito. O partido forneceu especialistas, em comunicação política, aos Irmãos Muçulmanos, e aconselhou-os no sentido de impor a sua visão comum do Islã às respectivas sociedades.

Dando sinal desta aliança, Erdoğan promoveu, em setembro de 2011, a criação, em Istambul, do Conselho Nacional Sírio, destinado a tornar-se o governo sírio no exílio; uma instância totalmente controlada pela Irmandade Muçulmana [13].

Em 2012, Erdoğan acolheu no congresso do AKP os líderes da Irmandade Muçulmana no poder, o egípcio Mohamed Morsi e o palestino Khaled Meschal. Da mesma forma, ele organizou uma conferência da Irmandade, a 10 de julho de 2013, na qual participaram Youssef Nada Mohammad Riyad al-Shafaka (o guia da Irmandade na Síria) e Rached Ghannouchi. Por precaução, foram os seus velhos amigos da Millî Görüş, e não o AKP, que fizeram os convites.

Quando, em setembro de 2014, o Catar evita uma guerra com a Arábia Saudita, convidando a Irmandade Muçulmana a deixar o Emirado, Erdoğan agarrou, de novo, a sua oportunidade e fica como único patrocinador da Irmandade, no plano internacional.

O futuro da Turquia

Só por ingenuidade é que se pode considerar Recep Tayyip Erdoğan como um neo-otomano. O seu projeto nunca foi o de reconstituir o Império, mas, sim, o de criar um novo com as suas próprias regras. Ele acreditou poder apoiar-se, alternativamente, no fantasma do Califado, (com o Hizb ut-Tahrir, depois com o Daesh), ou no do pan-turquismo (“o vale dos lobos”).

É, também, de forma errada que o têm descrito como um político autoritário. Na realidade, ele sempre se comportou como um líder de torcida e não dizemos de um líder de bando que ele é autoritário. Apanhado em flagrante delito, em numerosos casos criminais, ele sempre reagiu negando as evidências e destituindo, ou prendendo, os policias e os magistrados que aplicavam a lei.

Mesmo que Erdoğan conseguisse subornar o MHP, ou, pelo menos 18 dos seus deputados, para formar uma coligação governamental, o seu partido não ficará por muito tempo no poder.
De modo a estar seguro a não mais ter de enfrentar o AKP, os Estados Unidos deveriam incentivar a divisão, encorajando, para isso, os seguidores de Fethullah Gullen e os partidários de guerra do presidente Turgut Ozal a formar o seu próprio partido.

O governo que sucederá ao AKP deverá, rapidamente, libertar os prisioneiros políticos e processar os líderes islâmicos corruptos, depois, revogar várias leis islamistas para satisfazer a opinião pública. Ele colocará um fim à implicação da Turquia na guerra de agressão contra a Síria, mas, deverá facilitar a saída dos jiadistas pela CIA, do Iraque e da Síria para um outro destino. Beneficiará do apoio financeiro dos EUA, desde que ponha em causa o Tratado assinado pelo presidente Erdoğan com o presidente Putin.

A queda do AKP deverá provocar um recuo dos Irmãos Muçulmanos para o Catar, único estado que lhes será, agora, favorável. Ela deverá também aliviar a atmosfera na Tunísia e na Líbia, e promover a paz na Síria e no Egito.

Notas do editor:

[1] « 30 millions d’euros et la voix d’Erdogan » (Fr- «30 Milhões de euros e a voz de Erdogan»- ndT), Réseau Voltaire, 25 février 2014.
[2] « Erdoğan attaque Gülen publiquement » (Fr- «Erdogan ataca publicamente Gulen»- ndT), Réseau Voltaire, 23 novembre 2013.
[3] “Turquia : O Golpe de Estado Judicial do AKP”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Diário Liberdade (Portugal), Rede Voltaire, 19 de Agosto de 2013.
[4] “Israeli general says al Qaeda’s Syria fighters set up in Turkey” (Ing- «General israelita afirma que os combatentes al-Qaida na Síria foram preparados na Turquia»-ndT), par Dan Williams, Reuters, 29 janvier 2014.
[5] A Escola das Américas era uma escola de tortura criada pela CIA, durante a Guerra Fria, no Panamá.
[6] « Erdoğan recevait secrètement le banquier d’Al-Qaida » (Fr- «Erdogan recebia secretamente o banqueiro da al-Qaida»- ndT), Réseau Voltaire, 2 janvier 2014.
[7] « Kobané, objet de tous les mensonges » (Fr- «Kobane, objecto de todas as mentiras»- ndT), Réseau Voltaire, 1er novembre 2014.
[8] « La Turquie arrête les procureurs qui enquêtaient sur Émirat islamique » (Fr- «A Turquia prende os procuradores que investigavam o Emirado Islâmico»- ndT), Réseau Voltaire, 8 mai 2015.
[9] « Ennemis de l’OTAN en Irak et en Afghanistan, alliés en Libye » (Fr- «Inimigos da Otan no Iraque e no Afeganistão, aliados na Líbia»- ndT), par Webster G. Tarpley, Réseau Voltaire, 21 mai 2011.
[10] « L’Armée syrienne libre est commandée par le gouverneur militaire de Tripoli » (Fr-«O Exército sírio livre é comandado pelo governador militar de Tripoli»- ndT), par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 18 décembre 2011; « Islamistas libios se desplazan a Siria para “ayudar” a la revolución» («Islamistas Líbios na Síria para “ajudar” a revolução»- ndT), por Daniel Iriarte, ABC (España), Red Voltaire, 19 de diciembre de 2011.
[11] “Para Ancara, o massacre é uma opção política?”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 27 de Outubro de 2014.
[12] « Flottille de la liberté : le détail que Netanyahu ignorait », (Fr- « Flotilha da liberdade : o detalhe que Netanyahu ignorava»- ndT), par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 6 juin 2010.
[13] O Conselho foi inicialmente presidido pelo Professor Burhan Ghalioun, apresentado pela mídia ocidental como um “militante laico”, quando ele era, desde 2003, o conselheiro político de Abbassi Madani (presidente da Frente Islâmica de salvação na Argélia). O Conselho é, atualmente, presidido por Georges Sabra, apresentado como um “cristão marxista”, sendo que ele acaba de cumprir a sua peregrinação a Meca.