Petroleiros protestam contra Serra e O Globo faz sua defesa

Trabalhadores, principalmente petroleiros, mobilizados para fazer pressão contra o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que pretende mudar o regime de partilha na exploração do petróleo do pré-sal, vaiaram o senador nesta terça-feira (23), durante a 8ª edição da Brasil Offshore, em Macaé, no Norte Fluminense. 

sindicato protesto contra serra

Segundo informações da Federação Única dos Petroleiros (FUP), durante no protesto, antes do primeiro painel que seria realizado com a presença do senador tucano, houve empurra-empurra e sindicalistas foram agredidos por seguranças e policiais.

Os trabalhadores estenderam faixas em defesa da petrolífera brasileira. Em uma delas, a categoria chama Serra de "entreguista". O senador respondeu aos trabalhadores reafirmando sua posição conservadora e autoritária ao fazer comentários como: “Nessas horas, tenho saudades do FMI”, “Em 1968 era melhor” e “Para que uma refinaria no Maranhão?”.

O ato da FUP teve o objetivo de mostrar aos participantes do evento a importância da Petrobras como operadora única do pré-sal, tanto que "o coordenador da Federação, José Maria Rangel, acabou sendo convidado para a mesa de abertura da maior Conferência Internacional da Indústria de Petróleo e Gás do país", informou o sindicato.

Para a Federação Única dos Petroleiros, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense e movimentos sociais o Projeto de Lei do Senado (131/15), de autoria de José Serra, tira da Petrobras o controle da operação e mínimo de 30% de participação em áreas futuramente concedidas do pré-sal.

Fernando Brito, do blog Tijolaço fez uma comparação do ocorrido, com a informação do O Globo. Segue abaixo:

Do jornal O Globo, para que não se diga que é exagero:

“­O senador José Serra (PSDB­-SP) foi vaiado, enfrentou um “apitaço“ e precisou ser escoltado pela guarda municipal para deixar o local nesta terça-­feira durante a 8ª edição da Brasil Offshore, a Feira e Conferência da Indústria de Petróleo e Gás, realizada entre hoje e a próxima sexta-feira, em Macaé, no Norte Fluminense. A manifestação, realizada por petroleiros, foi em protesto ao Projeto de Lei 12.351/2010, de autoria do tucano, que propõe o fim da exclusividade da Petrobras na operação de regime de partilha no pré­sal.

Ligado à Federação Única dos Petroleiros, à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, o grupo invadiu o palco onde estavam os palestrantes, entre eles Serra. Com faixas de “Fora Serra, o petróleo é nosso” e “Somos 200 milhões de petroleiros por uma Petrobras 100% pública” e usando nariz de palhaço, eles interromperam o discurso de Serra e gritavam “fora entreguista“ e “direita sem vergonha”.

Já no site do sindicato:

“A presença do sindicato fez José Serra mudar o tom da sua palestra, mas mesmo assim o senador defendeu o FMI, fez piada de mulher e argentino (xenofobia) chamou Geisel de "nacionalista" e os petroleiros de "fascistas". Saiu do local do painel sendo vaiado pelos petroleiros com palavras de ordem de “Fora entreguista!”, “Vendendo pra Chevron!” e “O pré sal é do povo”.

No site de O Globo há um vídeo do prefeito de Macaé, Aluizio de Castro, tentando acalmar os ânimos. Foi atendido, os manifestantes sentaram e Serra pôde falar. Mas, ao final, novas vaias e um cerco policial para que ele saísse.

O curioso é que, diz O Globo, “a plateia, formada por representantes da cadeia fornecedora do setor de petróleo, também vaiou os manifestantes e gritaram 'fora PT' ". São gerentes, administradores e executivos de empresas que existem, hoje, graças à política de compras internas e conteúdo nacional da Petrobras, o que quase se acabou com a política entreguista do PSDB.

Quando os trabalhadores defendem a indústria nacional – e, claro, seus empregos – que a própria camada dirigente destas empresas, percebe-se o quanto é servil o capitalismo brasileiro.