A dimensão ideológica da Segunda Guerra Mundial

Conhecer as causas e o carácter da Segunda Guerra Mundial, o conteúdo dos seus acontecimentos mais importantes, recordá-los segundo a verdade no tempo e a posição dos seus principais intervenientes é essencial para desmistificar as elaborações feitas à medida dos interesses da classe e da ideologia capitalista.

Por Luísa Araújo, no Jornal Avante

Soldados soviéticos durante uma batalha em Budapeste, Hungria

Em vários documentos do Partido Comunista Português (PCP), artigos publicados no Avante!, n' O Militante e em publicações das Edições Avante! encontramos informação e análise que esclarece a verdade da história. Entre os vários materiais, pela proximidade destacamos o documento do Secretariado do Comitê Central “70.º Aniversário da Vitória sobre o nazi-fascismo – Pela Paz, contra o fascismo e a guerra”, o artigo de Jorge Cadima n' O Militante de Maio-Junho de 2015 e o “Dossier Segunda Guerra Mundial”.

No calendário da História há sempre uma data, um marco que assinala o início duma guerra, mas fatos antecedentes germinam e são parte integrante da sua história. Assim é com a Segunda Guerra Mundial no final dos anos 20 e década de 30 do século passado. A crise dos Estados Unidos da América estende-se a toda a Europa. As ambições de redivisão imperialista do Mundo e busca de recursos naturais e matérias primas são uma constante. Na Alemanha, num quadro de grande crise econômica e instabilidade política, os setores mais reacionários criam o partido nazi de Hitler que, combinando a mentira e a demagogia social com um forte aparelho de propaganda, explora sentimentos do povo e chega ao poder, decreta prisões em massa de comunistas, extingue os sindicatos operários e persegue os judeus. Outras ditaduras fascistas assumem o poder: na Itália, em Portugal e na Espanha (reprimindo a República, a vontade do povo, a vitória eleitoral da Frente Popular).

Mas a história destes anos também é marcada pela ascensão impetuosa do movimento operário e popular, pelo crescimento e prestígio de partidos comunistas inspirados pela Revolução de Outubro e pelos êxitos da União Soviética e pelos movimentos da resistência antifascista em vários países da Europa.

Ao longo de 70 anos (e não ficará por aqui), ideólogos e historiadores burgueses, serviços histórico-militares dos principais países capitalistas, têm editado e propagado a falsificação da verdade histórica. Encobre-se as causas que estão na origem da guerra: a crise e as contradições imperialistas e a luta entre capitalismo e comunismo. Não se identifica a natureza do fascismo: a ditadura terrorista dos círculos mais reacionários e agressivos do capital financeiro. Esconde-se a estratégia imperialista de destruir o primeiro Estado socialista do mundo, a União Soviética.

Analisar o presente, prevenir o futuro

Fazer esquecer a política e os esforços de paz da União Soviética orientados para a prevenção da guerra tem por objetivo excluir a análise de que ela poderia ter sido evitada mas, também, desculpabilizar o imperialismo, principal fonte de guerra. Fazer esquecer o que significou a determinação heroica do povo soviético, a palavra de ordem “Tudo para a frente, tudo para a vitória”, no que se assumiu como a Grande Guerra Pátria, tem por objetivo fazer ignorar que a vontade e a participação dos povos contam na defesa dos interesses, da soberania e da independência do seu país. Fazer esquecer a força invencível do Exército Vermelho tem por objetivo apagar da História o papel decisivo da União Soviética na derrota do nazi-fascismo e que o desfecho da Segunda Guerra Mundial foi a vitória do socialismo sobre o capitalismo.

A Segunda Guerra Mundial deve ser refletida no plano humano e material e na sua dimensão ideológica. Assim temos melhores condições de analisar o presente e prevenir o futuro.

Houve gerações que viveram a Segunda Guerra Mundial e, em discurso direto, transmitiram aos descendentes as atrocidades que não queriam que a humanidade esquecesse. Sucessivas gerações têm lutado para que nunca mais aconteça.

Hoje, são permanentes campanhas de mentira e branqueamento do imperialismo visando bloquear sentimentos de liberdade e retardar a confiança dos povos. Perante a ameaça do fascismo e de uma nova guerra mundial, é necessário alargar a confiança nas reais potencialidades de resistência ao imperialismo e de desenvolvimento da luta pela superação revolucionária do capitalismo.