Moro, novamente, critica empreiteira por se manifestar pela imprensa

Apesar dos vazamentos seletivos e do circo montado pela imprensa em torno das investigações da Lava Jato, com amplo apoio das instituições oficiais, Moro criticou a decisão das empresas em utilizar essa mesma imprensa para tentar se defender.

As críticas form feitas por meio de um ofício enviado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em resposta ao pedido de habeas corpus para o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo. Moro utilizou o mesmo caminho para criticar o comunicado feito pela Odebrecht.

Segundo o juiz, o rechaço por meio da mídia reforçou os motivos das prisões preventivas ao usar “seus amplos e bilionários recursos” em “aparente tentativa de confundir” a opinião pública e sem intenção de reconhecer “a sua responsabilidade pelos fatos, o que seria um passo necessário para afastar o risco de reiteração das práticas criminosas”.

No comunicado, a construtora refuta as acusações a disse que “causa espanto” o argumento para manter seus executivos atrás das grades. “Trata-se de evidente inversão da presunção de inocência porque, neste caso, a autoridade já tem como certa a ilegalidade dos negócios das empresas do grupo – o que é evidentemente ilegal e inconstitucional, consistindo num pré-julgamento”, afirmou a empreiteira.

Para Moro, a conduta foi uma afronta e acabou “atacando este juízo e as instituições responsáveis pela investigação e persecução”. Disse ainda que “é certo que a empresa tem o direito de se defender, mas fazendo¬-o seria recomendável que apresentasse os fatos por inteiro e não da maneira parcial efetuada, em aparente tentativa de confundir (…) a opinião pública e colocá¬la contra a ação das instituições públicas”.

O advogados de réus, por sua vez, apontam discrepância entre o entendimento do juiz e as práticas adotadas por ele e pela acusação. Alguns relatam inclusive que Moro escreve artigos para jornais e representantes do Ministério Público Federal concedem entrevista à imprensa.