'Fiz o que foi humanamente possível', diz Tsipras 

Em reunião com deputados no Parlamento da Grécia, o primeiro-ministro do país, Alexis Tsipras, tentou justificar na noite desta sexta-feira (10) os motivos pelos quais ele optou por uma nova oferta aos credores europeus — que contemplava políticas de austeridade como corte de pensões, aumento de impostos e privatizações — enviada no dia anterior.

Tsipras

“Eu fiz o que era humanamente possível em difíceis circunstâncias”, declarou Tsipras aos parlamentares. “Sim, nós cometemos erros durante as negociações", admitiu.

As palavras de Tsipras vêm em uma tentativa de obter a aprovação do Legislativo para a execução desse novo pacote de reformas em troca de um plano de resgate de 53 bilhões de euros até 2018 por parte do Eurogrupo.

Contudo, uma parcela da população criticou a nova oferta e foi às ruas nesta sexta, questionando sobre as reais intenções de Tsipras em vista da vitória do “não” a um acordo com credores no modelo da austeridade tradicional europeia no referendo da última semana.

“De agora em diante, temos à nossa frente um campo minado: há armadilhas que eu não posso esconder de ninguém”, argumentou o premiê. “Nós lutamos pelos direitos do povo grego e eu tenho certeza que essa batalha não foi em vão”, completou.

Zona do euro

Durante pronunciamento, Tsipras também afirmou que, durante a campanha pelo “não” no referendo do último domingo (05), ele jamais disse que estaria votando para ficar ou sair da zona do euro. “Eu nunca pedi ao público para votar pelo ‘não’ no sentido de uma ruptura ou de uma Grexit”, explicou.

“Nós temos que concordar que o pacote de reformas que nos foi pedido é duro. Mas nós temos a possibilidade de obter um acordo que acabe com a Grexit”, ponderou. “Temos o dever de continuar lutando com orgulho. Nós temos que tomar difíceis decisões, eu tenho certeza, mas nós vamos lutar para continuar na Europa”.

Membros do sindicato comunista grego Pame tomaram às ruas de Atenas nesta sexta contra o novo pacote de reformas de Tsipras

Em tom conciliatório, o ministro das Finanças, Euclidis Tsakalotos, que assumiu o cargo na última semana após a renúncia de Yanis Varoufakis, disse que a atual proposta de Tsipras é melhor do que a oferecida pelos credores europeus antes do referendo, apesar de ter um caráter de recessão.

“Estamos em um posicionamento melhor, mas o programa sobre a mesa machucará o crescimento do país”, analisou.