Criminalistas criticam a “indústria da delação” na Lava Jato
Os advogados criminalistas Nélio Machado, Eduardo de Moraes, Alexandre Lopes, João Francisco Neto, Gabriel Machado e Renato de Moraes classificaram como “indústria” as delações premiadas utilizadas pelo juiz Sérgio Moro nas investigações da Operação Lava Jato.
Publicado 14/07/2015 11:59

No documento de 32 páginas, os criminalistas afirmam que a delação premiada tem sido “a conta-gotas” e “sempre se balizando na fala de criminosos-delatores”. “Há algo de muito errado, para dizer o menos, na indústria da delação em que se transformou a capital do Paraná, sob o controle da 13ª Vara Federal Criminal”, diz o documento.
Eles fazem a defesa do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada e entraram com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4) em favor de seu cliente que está preso desde 2 de julho.
"Não há reiteração delitiva alguma a sustentar a custódia do ex-diretor da Área Internacional, entre 2008 e 2012, salvo o desiderato de punir sem processo, antecipar preconcebidas reprimendas corporais, escarmentar a honra alheia, em detrimento da Lei Maior, a pretexto de "moralizar" o país", ressalta os criminalistas.
Eles também criticam os vazamentos seletivos e a espetáculo midiático que se transformou as investigações. “A repercussão nos meios de comunicação que, propositalmente, os investigadores (o triunvirato: juiz, Ministério Público e Polícia Federal) da "Lava-Jato" têm imprimido às espetaculosas operações e aos atos processuais, dispensa tópico introdutório acerca da gênese do decreto de prisão preventiva ora atacado", salientam.