Governo já criou 46% das vagas de medicina previstas no Mais Médicos

Em dois anos, o governo federal já autorizou a criação de quase metade (46,4%) das vagas em cursos superiores de Medicina previstas no programa Mais Médicos, pelo qual se comprometeu a criar 11.447 novas vagas de graduação até 2018. O índice foi alcançado na última sexta-feira (10), quando os ministérios da Saúde e Educação anunciaram a criação de mais 2.290 vagas, em 36 municípios brasileiros.

Moradores do interior do país relatam mudanças com "Mais Médicos" - GIOVANNI SÁ / FAROL DE NOTÍCIAS / PE

Desde a criação do programa, em 2013, foram autorizadas 5.306 novas vagas, sendo 1.690 em 23 novos cursos em universidades federais e 3.616 em instituições de ensino superior privadas, além de 100 vagas vinculadas a hospital de excelência, pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein.

Os novos cursos devem passar a oferecer as vagas entre três e 18 meses, dependendo da infraestrutura das mantenedoras nos municípios selecionados. Para se candidatar, as cidades selecionadas devem ter pelo menos 70 mil habitantes, não ser capital de unidade da federação, ter no mínimo cinco leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) por aluno, possuir ao menos três alunos por equipe de atenção básica, contar com leitos de urgência e emergência ou pronto-socorro e oferecer residências médicas nas especialidades prioritárias do Mais Médicos. Foram priorizadas as regiões onde a demanda por médicos é maior.

O mínimo de vagas autorizadas por instituições foi de 50 e o máximo de 100. Em São Paulo, os municípios contemplados serão Araçatuba (65 vagas), Araras (55), Cubatão (50), Guarujá (55), Jaú (55), Piracicaba (75), Rio Claro (55), São José dos Campos (100), Bauru (100), Guarulhos (100), Mauá (50), Osasco (70) e São Bernardo do Campo (100). A mantenedora Associação Educacional Uninove conquistou o máximo de vagas permitidas no edital e ficará responsável pelos cursos nos cinco últimos municípios.

Apenas São Leopoldo (RS), Limeira (SP) e Tucuruí (PR) não tiveram cursos aprovados. As 170 vagas disponíveis para esses municípios serão ofertadas novamente. O edital teve a inscrição de 216 propostas, das quais 115 foram habilitadas a concorrer aos novos cursos. Delas, foram classificadas 64 mantenedoras.

A ampliação de vagas em Medicina é uma das estratégias de longo prazo do Mais Médicos, que em um primeiro momento financiou a ida de profissionais brasileiros e estrangeiros para atuar na atenção básica dos municípios mais isolados e pobres do país, onde até então era difícil fixar médicos.

A formação de médicos tem como objetivo garantir que o Brasil tenha 2,7 médicos para cada mil habitantes até 2026, um índice considerado ideal. “As políticas do governo atenderam, no primeiro momento, a saídas emergenciais. Agora, temos uma meta de longo prazo”, disse o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro.

“Nós vivemos, na área da Medicina, da abertura de novos cursos de graduação, uma transformação extremamente importante. Hoje nós vivemos um marco: o Mais Médicos não é apenas uma política de provimento e garantia na Atenção Básica. É uma medida estruturante da formação médica no Brasil”, completou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Em setembro do ano passado, quando o programa completou um ano, o Ministério da Saúde informou, em um balanço oficial, que o Mais Médicos superou a meta de profissionais participantes, atendeu a 100% da demanda dos municípios e garantiu, pela primeira vez, médicos em todos os 34 distritos sanitários indígenas do país.

Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais divulgada no mesmo dia revelou que 95% dos beneficiados pelo programa estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o Mais Médicos. Ao todo, 87% dos pesquisados deram nota 8 a 10 ao programa e 74% acreditam que ele é melhor ou muito melhor do que esperavam. O levantamento ouviu 4 mil pessoas com mais de 16 anos, de 200 municípios e distritos sanitários atendidos.

Entre os entrevistados, 86% disseram que a qualidade do atendimento médico é melhor ou muito melhor do que a anterior; 84% afirmaram que o tempo de duração das consultas melhorou ou melhorou muito, assim como os esclarecimentos sobre os problemas de saúde (83%), facilidade de atendimento (79%), comunicação com o médico (73%) e tempo de espera por uma consulta (73%).