Cúpula da OCX: cooperar para crescer

A cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, recentemente realizada na cidade siberiana de Ufá, deu um impulso aos mecanismos de cooperação dos países membros e aprovou a iniciativa da China “Rota da Seda”.

Emblema Organização de Cooperação de Xangai

A Organização de Cooperação de Xangai (OCX), criada em 2001 com o objetivo de regular os diferendos fronteiriços entre os seus fundadores – China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão – transformou-se nos últimos anos num fórum para a segurança que passa também pela cooperação econômica, política e social, traduzida em projetos regionais.

A cimeira da OCX realizou-se em paralelo com a cimeira dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e não certamente por acaso. Em conjunto, os países integrantes dos dois grupos somam quase metade da população mundial e representam cerca de 27 por cento do Produto Interno Bruto mundial. Acresce que a Índia e o Paquistão já deram início aos trâmites para ingressar na OCX em 2016, e que o Irã também já apresentou o seu pedido de adesão. O mesmo fizeram a Armênia, Azerbaijão, Camboja e Nepal, enquanto a Bielorrússia foi acolhida em Ufá com o estatuto de observador.

Embora sem o assumir, as duas organizações avançam a passos largos para uma efetiva alternativa regional e internacional ao G7 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido), que a pretexto dos acontecimentos na Ucrânia em fevereiro no ano passado excluíram a Rússia do “clube” dos países mais industrializados. A intenção declarada de “isolar” a Rússia falhou.

Nos encontros de alto nível ocorridos na cidade siberiana a OCX, tal como os Brics, aprovou uma estratégia de cooperação para o desenvolvimento até 2025, em que se insere também a iniciativa chinesa chamada Rota da Seda: o desenvolvimento de uma infraestrutura (incluindo caminhos de ferro, estradas, oleodutos, fibra óptica, etc.) que visa unir o mercado asiático com a Europa e a Ásia.

O estreitamento das relações entre os dois grupos consta de resto na declaração final da cúpula dos Brics (divulgada pelo governo brasileiro), que no terceiro ponto invoca o desejo de “consolidação do nosso crescente engajamento com outros países, em particular países em desenvolvimento e economias emergentes de mercado, bem como com instituições internacionais e regionais”, que justifica o encontro de alto nível com a OCX. “Os participantes dessa reunião compartilham várias questões de interesse mútuo, o que estabelece um fundamento sólido para lançar um diálogo amplo e mutuamente benéfico”, refere o texto, reiterando a vontade de “alcançar crescimento econômico sustentável por meio da cooperação internacional e do uso aprimorado de mecanismos de integração regional, de modo a melhorar o bem-estar e a prosperidade de nossos povos”.

Irã e China parceiros de peso

A par do seu pedido de adesão à OCX, o Irã já aderiu ao Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII) como membro fundador. Segundo Fraser Cameron, diretor do Centro UE-Ásia, com sede em Bruxelas, citado pelo Diário do Povo Online, o Irã “pode tornar-se rapidamente a maior força econômica no Oriente Médio”, uma vez que se encontra numa “situação geoestratégica e pode ser um ponto importante para a iniciativa chinesa da nova Rota de Seda”. As relações entre Pequim e Teerã, sublinha Cameron, “podem desenvolver-se muito rapidamente já que eles têm complementaridade econômica”.

De acordo com a mesma fonte, o volume do comércio bilateral entre a China e o Irã atingiu no ano passado os 51,8 bilhões de dólares, um aumento de 31,5 por cento em comparação com o do ano anterior. Os principais produtos que a China importa do Irã incluem crude e minério de ferro.

Uma região a crescer

Os países em desenvolvimento da Ásia devem crescer 6,1 por cento este ano e 6,2 por cento em 2016, face à lenta recuperação dos Estados Unidos e ao abrandamento da China, estima o Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), instituição com sede em Manila.

De acordo com a Agência Brasil, na atualização do relatório anual de perspectivas apresentado na quinta-feira (16), em Pequim, o BAD também destaca a incerteza provocada pela crise da Grécia na Zona do Euro e as potenciais consequências sobre a procura europeia de produtos asiáticos.

A Índia surge no relatório como o país com o mais rápido crescimento no próximo biénio, com previsões de 7,8 por cento para este ano e de 8,2 por cento para o próximo. Em segundo lugar aparece a China, com um crescimento de sete por cento em 2015 e 6,8 por cento em 2016. Em último lugar figuram as Filipinas, com um crescimento estimado de 6,3 por cento em ambos os anos.

Se as perspectivas do BAD se confirmarem, a emergência da Índia converte a Ásia Meridional (Paquistão, Afeganistão, Bangladesh, Butão, Índia, Maldivas, Nepal e Sri Lanka) na zona com previsões de maior crescimento em 2015 e 2016 (7,6 por cento ao ano), superando a Ásia Oriental (China, Taiwan, Coreia do Sul, Hong Kong e Mongólia), com 6,3 por cento este ano e 6,2 por cento em 2016.