Lula e movimento negro debatem evolução das políticas de igualdade

Nessa quarta-feira (22), lideranças e representantes do movimento negro estiveram no Instituto Lula, na capital paulista, para debater os avanços dos últimos 12 anos e o futuro das políticas raciais brasileiras. Além de membros do movimento negro organizado, participaram quilombolas, acadêmicos, agricultores, deputados, e representantes dos movimentos sindical, social, estudantil e da cultura.

Reunião do movimento negro com Lula - Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Celso Marcondes, diretor do instituto, explicou que a principal ideia da reunião era ouvir os presentes e conversar sobre as os próximos passos, para consolidar e ampliar o que foi conquistado. O ex-presidente Lula pediu aos convidados que falassem não apenas sobre as conquistas, mas principalmente sobre o que ainda falta fazer.

Para o presidente nacional da Unegro, Edson França, o encontro foi positivo e demarcou o comprometimento do movimento negro com a democracia e a defesa do governo da presidenta Dilma. “Estamos num momento positivo da luta contra o racismo, mas a conjuntura política atual, que busca o enfraquecimento do governo Dilma, atrapalha este nosso projeto”.

Segundo Edson, os dirigentes entendem que o fortalecimento da luta por direitos passa pela defesa da soberania do voto popular que escolheu manter o Brasil no rumo do desenvolvimento social.

O dirigente também destaca o empenho do ex-presidente Lula em estar disposto a ouvir os mais diversos setores da sociedade civil organizada para fortalecer o campo popular. Segundo ele, Lula afirmou que agora é o momento de Dilma se apoiar nos movimentos sociais e nos mais de 54 milhões de brasileiros que a elegeram.


Presidente da Unegro, Edson França, com o ex-presidente Lula 

O ex-presidente disse ainda que os ajustes fiscais e os pacotes austeros aprovados por Dilma causam uma falta de estímulo nos movimentos sociais e, portanto ela deve prezar pelo campo popular e trabalhar para colocar em prática novas medidas.

Gilberto Leal, diretor da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), disse que o Brasil é exemplo em políticas para a população negra, "mas ainda temos muitos desafios". Citou o projeto de redução da maioridade penal, a reforma política e as abordagens policiais como problemas a serem enfrentados pelo movimento negro e pela sociedade brasileira.

Benedita da Silva, deputada federal pelo PT do Rio de Janeiro e ex-ministra do Desenvolvimento Social, afirmou: “Temos que defender esse projeto [iniciado no governo Lula] porque ele é majoritário”. “Nós temos que ter uma estratégia de ocupação desse espaço político”, complementou.

A Seppir (Secretaria de Promoção de Políticas da Igualdade Racial), criada em 2003, durante o governo Lula, foi citada como exemplo de realização positiva, assim como o Prouni, que garantiu a uma parcela dos jovens negros o acesso à educação superior. “Temos que dar um passo mais forte”, afirmou a ministra-chefe da Seppir, Nilma Lino Gomes. “Não podemos aceitar a convivência com o fenômeno do racismo, é preciso superar esse fenômeno”, completou.

Ao final da reunião, o ex-presidente Lula relembrou conquistas recentes, como a criação de universidades federais, a ampliação do acesso ao ensino superior e afirmou que é "momento de repactuar". Lula incentivou os movimentos a seguirem em diálogo na construção de uma pauta comum de reivindicações e disse: "Essa não foi a nossa última reunião", sugerindo que o tema volte a ser discutido em breve.