Parlamento grego aprova segundo pacote de austeridade

O Parlamento grego aprovou, com ampla maioria, apesar das dissidências no Syriza, o segundo pacote de medidas acordado com os parceiros da zona euro. A proposta, de mais de 900 páginas, objetiva reformar o Código Civil, para acelerar o sistema judiciário, e à adoção de um regulamento sobre o saneamento dos bancos.

Tsipras

Depois de um amplo debate, que começou, nesta quarta-feira (22), e se estendeu até a madrugada, foram aprovadas as reformas exigidas pela troika para que as negociações sobre a ajuda financeira de 86 bilhões de euros à Grécia.

Foram 230 votos favoráveis e 63 contrários. Um grupo de 36 parlamentares do Syriza, partido do governo, ou disse não ou se abstive de votar. Com a dissidência da base, o primeiro-ministro Alexis Tsipras mais uma vez teve que contar com votos da oposição para garantir a aprovação do pacote.

O ex-ministro de Finanças Yanis Varoufakis, que na votação do dia 15 de julho disse não ao primeiro pacote, desta vez, apoiou as medidas. Para ele, as reformas são benéficas ao país.

Em pronunciamento aos parlamentares durante a madrugada, Tsipras afirmou que o acordo salvará a Grécia da falência e preservará a posição do país na zona do euro. “Fizemos escolhas difíceis e agora temos que nos adaptar a esta situação”. Ele enfatizou que discorda de muitas das exigências dos credores internacionais, mas que as medidas são necessárias neste momento.

O resultado permite à Grécia iniciar negociações formais com credores internacionais para efetivação de um programa de ajuda financeira que garanta empréstimos a Atenas no total de 86 bilhões de euros ao longo de três anos. Este é o terceiro programa de ajuda ao país desde 2010.

O Banco Central Europeu concordou em ampliar em 900 milhões de euros o teto de empréstimos aos bancos gregos por meio do mecanismo de liquidez de emergência (ELA, na sigla em inglês). A medida garante alívio ao sistema financeiro grego, pois permite que os bancos continuem a operar. Depois de três semanas de fechamento, as agências reabriram as portas na segunda-feira (20), mas o controle de capital continua. O limite de saque passou de 60 euros por dia para 420 euros por semana. Outras operações, como saque de cheques e transferência de dinheiro para outros países, ainda estão suspensas.