Governadores defendem estabilidade democrática após reunião com Dilma

Os governadores dos 27 estados brasileiros saíram da reunião com a presidenta Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (27), deixando clara a posição de unidade em favor da governabilidade e em defesa da democracia, do Estado de Direito e da manutenção do mandato legítimo da presidenta e dos eleitos em 2014.

Coletiva de imprensa após reunião de governadores - Agência Brasil

“Existe uma preocupação conjunta, em primeiro lugar, com a agenda política. Primeiro, a defesa clara e inequívoca da estabilidade institucional, da ordem democrática, do Estado de Direito e contra qualquer tipo de interrupção das regras constitucionais vigentes. Portanto, defendemos a manutenção do mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff”, afirmou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em entrevista à imprensa após o encontro.

“Achamos isso fundamental para ativação do ciclo econômico e manutenção do nível de emprego, com prioridade às operações de crédito já contratadas, mas também para novas operações de crédito. Defendemos que sim, haja uma reforma do ICMS, porém com fundos garantidores que tenham outras fontes que não sejam apenas o imposto sobre o repatriamento, nós defendemos a tributação sobre repatriamento, porém consideramos a necessidade de que haja outras fontes de compensação”, completou o governador.

Para o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), os governadores se colocaram à disposição da presidenta inclusive em ajudar na interlocução política com o Congresso Nacional. “Colocamos bem claro, também, a nossa posição em relação aos aumentos de gastos que são insuportáveis para a União e para os estados. Os governadores do Centro-Oeste inclusive se colocaram à disposição para fazer a interlocução e trabalhar com o Congresso pela manutenção dos vetos da presidenta em matérias muito importante, que possam trazer problemas gravíssimos de ordem financeira à União e aos estados e para a estabilidade econômica e financeira do País”, garantiu Perillo.

O também tucano Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, disse que é preciso preservar os empregos e assegurar o crescimento econômico “não só com os projetos em trâmite [no Congresso], mas reduzindo o custo Brasil com redução dos gastos públicos. Mas de forma geral, nos três níveis de governo”.

O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD) também reafirmou seu compromisso com a governabilidade. “Há, evidentemente, um compromisso nosso pela governabilidade, com a instituição respeitada, com a democracia fortalecida. Por outro lado, há um apoio ao ajuste fiscal, para que ele produza os efeitos na economia que restabeleça o crescimento econômico, a geração de emprego. E o combate à pauta-bomba”, salientou Colombo.

Ricardo Coutinho, governador da Paraíba, também disse que existe uma grande convergência entre os governadores em relação a atual agenda política e econômica do Brasil. “O país não pode permanecer, a partir de uma instabilidade política, gerando uma instabilidade econômica, porque o setor produtivo pensa duas, três, quatro vezes em investir sem saber como será o dia de amanhã. É preciso garantir a governabilidade para quem foi naturalmente eleito”, enfatizou.

Confiança na retomada do crescimento

As declarações dos governadores demonstram que foi atendido o chamado feito pela presidenta. No encontro, Dilma disse que a redução da inflação é o primeiro passo para um novo ciclo de expansão da economia e pediu a união dos governadores pela recuperação da economia. Ela também defendeu a definição de uma carteira de projetos de investimentos em logística, com cada um dos governadores, para a as concessões que ocorrerão no período de 2015 a 2018.

“Temos consciência de que é importante sempre estabelecer parcerias, cooperações e enfrentar os problemas juntos. Queremos construir bases estruturais para novo ciclo de desenvolvimento de nosso País. Achamos que estamos vivendo um período de transição para um novo ciclo de expansão que vai ser puxado pelo investimento e pelo aumento de produtividade. E, com isso, dará base para o crescimento do emprego, da renda e para a manutenção da nossa política de distribuição de renda”, afirmou.

E acrescentou: “Sabemos que muita coisa precisa melhorar, porque nosso povo está sofrendo. Nós devemos cooperar cada vez mais, independentemente das nossas afinidades políticas”.

Dilma destacou que o compromisso do governo federal é que o novo ciclo de crescimento seja mais sólido, robusto e duradouro do que aquele que recentemente o Brasil atravessou. “O primeiro passo para esse ciclo é justamente garantir o controle da inflação. Porque a inflação corrói tanto a renda dos trabalhadores como o lucro das empresas. E promover o reequilíbrio fiscal, a estabilidade fiscal”, defendeu.

A presidenta lembrou que o Brasil fez a sua parte nos últimos anos e, por isso, está mais preparado para fazer essa travessia. “A economia brasileira é bem mais forte, é bem mais sólida e bem mais resiliente do que era há alguns anos atrás, quando enfrentou crises similares. Eu não nego as dificuldades, mas eu afirmo que nós todos aqui, e o governo federal em particular, tem condições de superar essas dificuldades de enfrentar os desafios e, num prazo bem mais curto do que alguns pensam, voltar a ter, assistir à retomada do crescimento da economia brasileira”.