PCdoB destaca a seus quadros a necessidade da defesa da democracia 

Os desafios atuais da construção partidária e as Conferências Ordinárias é o tema do 9º Encontro Nacional de Questões de Partido, que o PCdoB realiza, a partir desta segunda-feira (3), em Brasília, reunindo representantes de 26 estados, presidentes estaduais, secretários de organização de organização, de formação de quadros e de finanças. 

PCdoB destaca aos seus quadros necessidade da defesa da democracia - Álvaro Portugal

“Precisamos encontrar denominadores comuns para avançar na maturação partidária, que gira em torno da política de quadro e rede militante para enraizar o Partido”, disse o vice-presidente do Partido e secretário nacional de organização do PCdoB, Walter Sorrentino, que fez a abertura do evento.

Ao final, ele concluiu que “não se imagina um crescimento expansivo do Partido, mas a realidade é de mais qualidade do que quantidade, para um Partido mais unido, mais maduro, mais estratégico”, afirmou, adiantando o resultado das convenções ordinárias – estaduais e municipais, que ocorrerão até novembro.

Ele disse que diante da conjuntura política, em que o governo Dilma Rousseff e o campo da esquerda estão sob forte ataque do conservadorismo, esse trabalho de organização do Partido exige mais rigor. “O alvo é derrubar o governo, estamos em estado de golpe permanente, de desfecho indefinido”, destacou Sorrentino, apontado a falta de unidade da esquerda e de senso de urgência e emergência para enfrentar essa situação.

Para ele, as conferências municipais vão ocorrer em um período grave na vida da nação, do governo, da esquerda e do PCdoB, enfatizando que o centro do debate “é a defesa da democracia e do mandato da presidenta Dilma.”

O dirigente comunista lembrou que “o PCdoB, com a sua experiência e sagacidade, reitera a confiança na presidenta Dilma, o que leva a ideia de que o PCdoB defende mais a Dilma do que o PT, por que temos consciência da luta de campos ideológicos – o campo da nação, dos trabalhadores, do povo e o outro, do golpe.”

Para Sorrentino, “é preciso erguer uma barreira de unidade, de defesa da nação”, disse, enfatizando que nos próximos meses a crise vai adquirir o caráter de um vulcão em erupção. Ao mesmo tempo, ele destaca que “nós temos elementos para resistir – a liderança de Lula e uma base social poderosa, mas que está sob assédio e está sem confiança.”

Fortalecer o PCdoB

Nas conferências ordinárias, que ocorrerão durante esse período, o objetivo é fortalecer o papel do Partido, porque segundo Sorrentino, “o PCdoB eleva seu protagonismo em momentos de crise, nas ruas e nos bastidores, dada a sua respeitabilidade política para impedir que a crise se espalhe por todas as instituições”, apontou o líder comunista, destacando que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode ser oposição ao governo, mas tem que cumprir o seu papel institucional.

As conferências ordinárias vão ampliar junto à base as ideias discutidas e aprovadas na 10ª Conferência Nacional, alcançando 2000 municípios nos 27 estados, com 20 mil quadros eleitos para comitês municipais e estaduais.

“O partido valoriza esse momento, rico para passar a limpo a organização partidária, destaca Sorrentino, porque alarga as elaborações da 10ª Conferência Nacional para 100 mil militantes para discutir com o povo, que saiba dar respostas aos problemas.”

Ele lembrou que o maior e mais persistente entrave na construção partidária é não ter uma rede de base compacta. “Esse é um problema histórico e cada vez mais necessário para conectar ação política com a construção partidária”, afirmou, conclamando os dirigentes estaduais a identificar as questões locais para aplicar mais integralmente as linhas de construção partidária.

“Precisamos acertar as contas entre nós sobre esse tema e reformular o que está fora de contexto”, alertou, enfatizando que “cada estado tem um grau de maturação determinado.”

Singularidades

Nos debates nas conferências ordinárias, que vão até novembro, Sorrentino destacou algumas singularidades que devem ser levadas em consideração. A crise política, que coloca a esquerda na defensiva tática, com a conjunção de três fatores – a correlação das forças desfavoráveis ao nosso campo, que é o chão do problema; a estagnação econômica e agora de recessão, com promessa de instabilidade política e social.

Ao mesmo tempo, ele disse que “o Brasil é maior que essa crise econômica, mas representa um momento de dificuldade para o governo, que tem que fazer frente à crise, que é do próprio capitalismo”, destacou Sorrentino.

A segunda singularidade das conferências ordinárias é a eleição de 2016, que exige uma compreensão nesse ambiente mais disperso e desfavorável a esquerda. “Precisamos encontrar nosso eixo para fazer acumulação de forças”, sugeriu Sorretino. A proposta do Partido é disputar eleição em cidades grandes e médias, criando condições para 2018 para eleger uma bancada de 20 deputados federais.

Para isso, o PCdoB vai abrir caminho para filiações, lançar candidaturas próprias e fazer alianças, considerando que as coligações proporcionais estão condicionadas dentro do debate da reforma política. “Outro problema de 2016 é a política de alianças que não está claro”, disse Walter Sorrentino.

Construção partidária

A terceira singularidade, que é apontada como mais importante, é a construção partidária, que exige mais trabalho nesse ambiente. Nesse ponto, ele disse que apesar das insuficiências, é preciso valorizar as virtudes do PCdoB, “que é um partido unido, do Acre ao Rio Grande do Sul, com uma só ideia; ativo, mobilizado e no combate”, afirmou o vice-presidente do Partido.

Nesse ponto, ele enfatizou a identidade do Partido, na luta pelo socialismo – que tem rumo e caminho – e firma ligações com trabalhadores, juventude e mulheres, e com todos os que ocupam espaço no campo democrático.

Sorrentino fez apelo para que a organização da base ocorra com ideologia, política e mobilização. E destacou a necessidade de uma agenda política própria, para disputar a consciência dos trabalhadores, do povo e intelectuais.

“Temos que elaborar essa agenda própria, que são as reformas estruturais, mas que ainda não conseguimos transformar isso em campanha diária”, lembrando que o PCdoB faz e preza as alianças, para barrar o caminho do reacionarismo e conservadorismo, sabendo que as mudanças estruturantes necessitam da unidade de amplas forças.

Outros debates

Em seguida, o secretário nacional de Formação de Quadros, Carlos Augusto “Patinhas”, apresentou o Plano do Departamento Nacional de Quadros para o processo de Conferências Ordinárias de 2015.

A programação prosseguiu com a intervenção do secretário de Formação e Propaganda, Adalberto Monteiro, sobre os desafios e metas da Formação para as Conferências Estaduais. Para falar sobre finanças, o secretário nacional de Finanças, Fábio Tokarski, foi o palestrante.

André Tokarski fez uma intervenção especial sobre a organização da juventude; enquanto Nivaldo Santana falou sobre os trabalhadores. Ao longo do evento, foi reservado tempo para que os representantes dos estados se manifestassem sobre as questões localizadas.

O evento prossegue nesta terça-feira (4), com início marcado para as 9 horas, com a apresentação da presidenta nacional do Partido, deputada federal Luciana Santos (PE). Ela falará sobre as tarefas políticas delegadas pela 10ª Conferência, a Frente ampla em defesa do Brasil, do desenvolvimento e da democracia e o projeto-2016 e a transição na direção partidária. Luciana assumiu a direção nacional do Partido na 10ª Conferência, realizado em maio, em São Paulo.