Dilma: “O programa Mais Médicos engrandece meu mandato"
Durante evento no Palácio do Planalto em comemoração aos dois anos do Programa Mais Médicos, nesta terça-feira (4), a presidenta Dilma Rousseff afirmou que o programa engrandece o seu governo. Durante o evento foi anunciada a criação de mais 3 mil bolsas de residência médica no país, sendo que 75% dessas vagas são para ampliar a formação de médicos especialistas em medicina geral de família e comunidade.
Publicado 04/08/2015 14:39
“O programa Mais Médicos engrandece meu mandato. Fico realizada em saber que vocês 24 horas por dia, estão presentes nos municípios do país. Agradeço pelo horário que vocês cumprem, mas pela generosa acolhida que vocês dão a quem precisa”, disse a presidenta se dirigindo aos médicos do programa presentes na cerimônia.
Em dois anos de funcionamento, o programa levou 18.240 médicos a 4.058 municípios e 34 Distritos Especiais Indígenas, beneficiando 63 milhões de brasileiros.
Muito aplaudida, Dilma fez questão de fazer um agradecimento especial aos médicos de Cuba, que foram alvo de agressões de setores da direita e de pequena parte da classe médica.
Reconhecimento aos cubanos
“Tenho obrigação de me referir a um país. Tenho obrigação de me referir à participação de médicos cubanos, que deram mostra, junto com o governo cubano, de solidariedade, profissionalismo, atendimento absolutamente humanizado. E quero agradecê-los e dizer que vocês [médicos cubanos] estreitaram as relações entre o Brasil e Cuba. Vocês são responsáveis por uma relação que hoje não está concentrada, está distribuída por todo o território nacional", salientou Dilma, destacando que em cada um dos municípios em que eles estão seguramente eles têm amigos e pessoas agradecidas pelo trabalho destes profissionais.
Ela salientou que a adesão dos médicos brasileiros tem sido crescente. “Continuamos defendendo médicos formados no exterior para garantir o atendimento. No entanto, o engajamento dos médicos brasileiros vem sendo crescente. Na seleção que fizemos este ano, todas as vagas foram preenchidas por brasileiros. Isso é algo a comemorar, porque mostra efeito extremamente positivo do Mais Médicos", disse.
Críticas infundadas
Dilma lembrou que a implantação do programa não foi tarefa fácil. “Logo depois que anunciamos o programa e começaram as críticas, nós recebemos muitos pedidos para que interrompêssemos o programa, porque diziam que nós ficaríamos muito mal com os médicos. Como poderíamos ficar mal com os médicos se o programa era Mais Médicos?”, indagou a presidenta, destacando que, apesar da reação da classe médica, os prefeitos saudaram e apoiaram a inciativa. “Ao mesmo tempo em que críticas eram um tanto quanto extremadas, eu tenho de destacar que por parte dos prefeitos e de outros setores, houve também elogios com muita intensidade”, declarou.
Segundo ela, havia naquele período um desconhecimento básico do objetivo que foi sendo esclarecido com a implantação programa que, de acordo com ela, “representa uma revolução na saúde pública do Brasil”.
Dilma destacou que o objetivo não era apenas o de assegurar médicos em quantidade suficiente para atender a população no interior o Brasil. “Faltavam médicos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em todas as capitais. Não faltavam médicos apenas nos mais distantes rincões do país”, destacou.
Estudante de medicina
Um momento emocionantes da cerimônia foi o depoimento da estudante Ana Luiza de Lima, que cursa medicina em Caicó, no Rio Grande do Norte. Ana afirmou que "fazer medicina sempre foi meu sonho, mas era um sonho distante", pelo fato de morar no interior e uma região carente do estado.
Segundo ela, a distância desse sonho ficou menor com a implantação pelo governo federal de uma escola de medicina "em pleno sertão nordestino". "O processo de interiorização levou os olhos da sociedade para áreas remotas e mais do que isso, deu voz aos sertanejos, ribeirinhos e indígenas", disse ela.
"Nesses momento me vem à memória o discurso que fez, presidenta Dilma, quando foi eleita. Disse que os pais podiam olhar nos olhos de suas filhas e dizer que elas também podiam ocupar o cargo mais importante do Brasil. Pois agora peço licença para reconstruir a sua afirmação dizendo que no Brasil de hoje a neta de agricultor do interior do Nordeste já pode sonhar em ser doutora", acrescentou a estudantes sob aplaudos.
E completou: "Em meu nome, de meus colegas e de tantos outros que estão tendo acesso à universidade eu lhe agradeço pela oportunidade".
Balanço
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, apresentou um balanço do programa e afirmou que houve aumento de 33% do número de consultas e redução da necessidade de internações. Atualmente, o programa beneficia 63 milhões de brasileiros em todo o território nacional.
O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, destacou a mudança na formação dos médicos brasileiros com a implantação dos Mais Médicos, principalmente no que se refere ao atendimento humanizado. “O médico precisa se transformar em um especialista em gente”, afirmou Janine.
Além disso, de acordo com a pasta, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste terão prioridade na oferta dessas bolsas “para corrigir o déficit histórico de profissionais nessas regiões”, segundo o Ministério da Saúde. A oferta de vagas faz parte do programa Mais Médicos, que também é voltado para o aumento e melhoria da formação médica.
O objetivo do governo é criar 11,5 mil novas vagas de graduação em medicina e 12,4 mil vagas de residência médica para formação de especialistas com foco em áreas prioritárias para o SUS, até 2017.
O ministro da Saúde também lembrou que o governo tem promovido a abertura de cursos, e com isso ampliado o número de vagas nos cursos na área de saúde no interior do Brasil. “Raros são os estados que têm o interior desenvolvido. Raros são os estados afastados do Oceano Atlântico que têm desenvolvimento avançado”, argumentou.