Mais de 220 mil migrantes atravessaram o Mediterrâneo, informa ONU

Mais de 220 mil migrantes e refugiados atravessaram o Mediterrâneo em direção à Europa no período de janeiro a julho, informou, nesta quinta-feira (6), a Organização das Nações Unidas (ONU), um dia depois de mais um naufrágio que pode ter provocado mais de 200 mortes.

Imigrantes africanos chegando à Europa - AP Photo/EFE/Manuel Lerida

"O que temos à porta da Europa é uma crise de refugiados", afirmou o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), William Spindler. Segundo ele, até o final de julho, aproximadamente 224 mil refugiados e migrantes chegaram à Europa pelo mar.

No início de julho, o Acnur informou que já tinha sido atingido um recorde de migrantes no primeiro semestre do ano: 137 mil pessoas.

O porta-voz destacou que quase todas essas pessoas atravessaram o Mar Mediterrâneo, muitas vezes em embarcações frágeis e em condições precárias, em troca de pagamento a redes de tráfico de seres humanos. Deste total, 124 mil desembarcaram na Grécia e cerca de 98 mil, em território italiano.

No mesmo período, mais de 2,1 mil pessoas perderam a vida no mar ou estão desaparecidas, acrescentou Spindler. Ele ressaltou que esse número não engloba as cerca de 200 pessoas que poderão ter morrido em naufrágio ocorrido nesta quarta-feira (5) na costa da Líbia, durante a travessia do Mediterrâneo.

A embarcação de pesca, que, segundo testemunhas, transportava 600 pessoas, enviou um pedido de socorro, sinal que foi recebido pela Guarda Costeira de Catânia, na Sicília.

Dois navios – o holandês Dignity One e o irlandês Le Niamh – foram enviados de imediato para o local do naufrágio, mas a embarcação naufragou quando os passageiros se deslocaram todos para um lado para serem socorridos, informou a Guarda Costeira italiana.

O navio irlandês Le Niamh chegou nesta sexta-feira (7) à cidade italiana de Palermo com 367 sobreviventes a bordo, incluindo 12 mulheres e 13 crianças, bem como os corpos de 25 vítimas que foram recuperados do mar.

Segundo Spindler, a maioria das pessoas que atravessam o Mediterrâneo é formada por refugiados que fogem da guerra e da perseguição, e não migrantes econômicos. Ele destacou que o confronto na Síria é responsável por 38% das chegadas verificadas até julho.