Movimentos sociais fortalecem frente democrática de esquerda

Dirigentes dos movimentos sociais responsáveis por articular a grande mobilização realizada no último dia 20 de agosto em todo o Brasil se reuniram na tarde desta quinta-feira (3), na capital paulista, para fazer um balanço da atividade e apresentar as perspectivas do próximo período. Para Guilherme Boulos, do MTST, este foi o ato mais importante dos últimos tempos no país, pois mostrou a força da esquerda brasileira que foi às ruas reivindicar mais direitos.

Por Mariana Serafini

Manifestação dia 20 - Clécio Almeida

Segundo Guilherme, a frente de esquerda vai se consolidar nos próximos dias com um nome, uma identidade e uma série de outras jornadas. “A ideia é que essa frente seja um espaço que vai construir uma agenda para o próximo período para o campo popular”, explicou.

Temas como os cortes no orçamento feitos pelo governo federal, a contrarreforma política e a Agenda Brasil certamente estarão no “radar” do movimento, sinalizou o dirigente. Para ele, o desafio neste próximo período é enfrentar os ataques que o Congresso Nacional conservador vem promovendo contra a classe trabalhadora e os retrocessos que a direita vem impondo.

Quanto ao ato realizado no dia 20, Guilherme denunciou a tentativa da grande mídia, “particularmente a Rede Globo”, de caracterizar a manifestação apenas como um apoio ao governo e não como um mecanismo de reivindicar direitos. “Mas quem estava nas ruas viu que foi um ato precisamente contra o conservadorismo, contra saídas à direita para a crise e, com esta mesma força, contra o ajuste fiscal, contra a política que faz os trabalhadores pagarem pela crise e por saídas à esquerda”, pontuou.

Um contraponto à direita

A presidenta da UNE, Carina Vitral, acredita que a manifestação demonstrou um contraponto à direita e deixou claro que a esquerda está reagindo à crise política com unidade e enfrentamento, ao mesmo tempo que rechaçou a política econômica do governo federal. A entidade tem feito uma série de mobilizações em Brasília, principalmente no Ministério da Fazenda, contra os cortes na Educação.

Já o presidente da Unegro, Edson França, acredita que a frente tem um caráter amplo e mostra a unidade dos movimentos sociais. “Mostramos aos golpistas que não é fácil dar um golpe numa presidenta que tem como base o movimento social organizado.”

O dirigente defende que a saída para a crise política consiste em a presidenta avançar a partir da plataforma eleitoral vitoriosa, eleita com mais de 54 milhões de votos. Para ele a contribuição da manifestação foi fazer exigências e apresentar avanços para o campo popular sem se deixar confundir com o discurso da direita ou abrir brechas para a desestabilização da constitucionalidade do mandato de Dilma.

Edson acredita que o caminho para o enfrentamento à direita é a unidade dos movimentos sociais e partidos progressistas. Neste sentido, ele vê o PCdoB como um agente importante no processo de consolidar a unidade da esquerda. “Acreditamos que não há caminho melhor para os avanços que não seja a unidade”, explicou.

Participaram da reunião, além dos dirigentes da UNE, Unegro e MTST, representantes da CTB, CUT e Intersindical, entre outros.