Descoberta antiga espécie do gênero humano batizada de Homo naledi

Uma antiga espécie do gênero humano, desconhecida até agora, foi descoberta por uma equipe de pesquisadores internacionais na África do Sul, onde foram exumadas as ossadas de 15 hominídeos (família da ordem dos primatas, cuja única espécie atual é o homem). A informação foi divulgada por cientistas nesta quinta-feira (10) e comemorada como um marco nas pesquisas sobre a evolução.

- Foto: WITS UNIVERSITY / EFE

Os fósseis foram encontrados em uma gruta de difícil acesso, perto de Joanesburgo, no sítio arqueológico conhecido como Berço da Humanidade e inscrito na lista do patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. 

“Apresento uma nova espécie do gênero humano”, disse o pesquisador Lee Berger, da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, durante entrevista coletiva em Maropeng, onde fica o sítio arqueológico.

Segundo os cientistas, o hominídeo tinha cérebro do tamanho de uma laranja e praticava rituais vinculados à morte, algo que se pensava ser exclusivo do Homo Sapiens.

A nova espécie, batizada de Homo naledi, apresenta uma mistura surpreendente de características humanas e primitivas. Naledi significa estrela em sesotho, uma língua sul-africana, e o nome da espécie é uma alusão ao local onde os fósseis foram encontrados, as cavernas de Rising Star.

Especialistas não têm certeza quanto à idade dos fósseis, mas acreditam que os ossos tenham sido depositados nas cavernas após a morte dos indivíduos.

“Até este momento na história, pensávamos que a ideia de comportamentos ritualísticos diretamente vinculados à morte era algo único dos Homo sapiens. Considerávamos nós mesmos diferentes”, disse Lee Berger. “Acreditamos que estejamos agora diante de uma espécie que tinha essa mesma capacidade, e isso é algo extraordinário”, comemorou.

Em 2013 e no ano passado, cientistas exumaram mais de 1.550 ossos pertencentes a pelo menos 15 indivíduos, incluindo bebês, jovens adultos e pessoas mais idosas. A nova espécie foi batizada Homo naledi e classificada no gênero homo, ao qual pertence o homem atual.   

Cérebro do tamanho de uma laranja

Segundo os cientistas, as mãos, pulsos e pés do Homo naledi eram semelhantes aos dos homens modernos, mas o tamanho do cérebro e o tronco eram muito mais parecidos com ancestrais da espécie humana. O Homo naledi tinha aproximadamente 1,5 metro de altura e pesava cerca de 45 quilos. “As mãos sugerem capacidades de usar ferramentas”, diz Tracy Kivell, da Universidade de Kent, no Reino Unido, que integrou a equipe que estudou a anatomia da nova espécie.

O Museu de História Natural de Londres considerou a descoberta notável. “Alguns aspectos do Homo naledi, como as mãos, os pulsos e pés, são muito próximos do homem moderno. Ao mesmo tempo, o pequeno cérebro e a forma da parte superior do corpo estão mais próximos de um grupo pré-humano denominado australopiteco”, explicou o professor Chris Stringer, do Museu de Londres, autor de um artigo sobre o tema publicado na revista científica eLife.

“O Homo naledi tinha um cérebro pequeno, do tamanho de uma laranja, e um corpo bem esguio”, disse John Hawks, da Universidade de Wisconsin-Madison, coautor do estudo que detalha a nova espécie.

A descoberta poderá fornecer mais informação sobre a transição, há cerca de 2 milhões de anos, do australopiteco primitivo para o primata do gênero humano, o antepassado direto do homem atual.