Todo esforço deve ser para barrar o retrocesso, diz presidente da CTB

Na semana passada, os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) anunciaram a busca por novas medidas de arrecadação – com ênfase na recriação da CPMF por um período de quatro anos. Entre os cortes, os que mais chamam atenção dos trabalhadores são, o adiamento na concessão de aumento aos servidores públicos federais e a suspensão de provas para novos concursos.

Adilson Araújo CTB

Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, o momento exige povo na rua e mobilização social. “Não há contradição em apoiar um governo democrático popular e pressioná-lo para o caminho do avanço. Diante do quadro de instabilidade política que o país atravessa, o governo tem sido pressionado pelo mercado e uma onda conservadora tomou conta do Congresso Nacional, que busca precarizar e flexibilizar direitos sociais e trabalhistas”, explicou.

Adílson argumentou que muito do que tem acontecido é reflexo do agravamento da crise econômica mundial, que já dura quase uma década e agora começa a atingir o Brasil de forma mais perceptível. “Todo esforço por parte dos trabalhadores deve ser para evitar o retrocesso. A CTB entende que os ajustes necessários para equilibrar as contas não podem penalizar a classe trabalhadora. A nossa posição é a de resistir a todo custo".

O sindicalista lembra que a agenda que ajudou a eleger a presidenta Dilma foi focada no desenvolvimento com valorização do trabalho e que remar contra a maré depõe contra essa expectativa, que é ver o Brasil voltado para os investimentos sociais, para a retomada das obras de infraestrutura, para uma política de transição que visa o desenvolvimento.

“Digo mais: nós não podemos achar que uma política de austeridade vai remediar essa crise, muito pelo contrário”, acrescentou. “Sabemos que os interesses do rentismo, que apregoa o Estado mínimo e o corte de gastos públicos, pode levar o país a uma profunda recessão. Para nós é decisivo combater essa ideologia do capital financeiro e as políticas neoliberais”, continuou.

Adilson fez uma ressalva importante: não se deve confundir os protestos contra os cortes de direitos com pedidos de impeachment, cujas motivações são puramente reacionárias. “O embate político que vai se avolumando mostra que o interesse da classe dominante é criar um ambiente hostil e de posições retrógradas. Nossa democracia tem sido alvo dessa ofensiva golpista por parte dos derrotados, que querem interromper o mandato constitucional da presidenta Dilma. Há um perigo iminente de perdermos tudo o que conquistamos até agora”, disse.

A atitude dos sindicalistas neste momento, sugere Adílson, deve ser a de levantar ainda mais a bandeira e lutar em defesa da democracia, da soberania, da defesa da Petrobras e dos direitos sociais e trabalhistas.