Brasil reduziu vulnerabilidade social em áreas urbanas, aponta estudo

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que as melhorias nas condições de vida do brasileiro tiveram impacto significativo sobre a realidade social no Brasil. Segundo o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), que se baseia nos censos feitos no país nesse período, todas as 16 regiões metropolitanas analisadas apresentaram diminuição na vulnerabilidade social, entre 2000 e 2010.

Em 2000, 13 das 16 regiões analisadas tinham índices de alta a muito alta vulnerabilidade social. Uma década depois, apenas a Região Metropolitana de Manaus apresentou índice de vulnerabilidade considerado alto. Mesmo assim, a dimunuição do risco social nessa região foi de 25,9% nesse período. E nenhuma região figurou mais na pior classificação do IVS – a de muito alta vulnerabilidade social.

A pesquisa considera três análises de condições de vida para definir o índice de vulnerabilidade: infraestrutura urbana, que analisa o acesso ao saneamento básico e à coleta de lixo e o tempo gasto no trajeto casa-trabalho; capital humano, que avalia mortalidade infantil, acesso à escola e maternidade precoce; e renda e trabalho, que observa empregabilidade, renda familiar e formalidade da ocupação.

As 16 regiões metropolitanas analisadas no índice são Belém, Belo Horizonte, Vale do Rio Cuiabá, Curitiba, Região de Desenvolvimento Integrado do Distrito Federal (Ride-DF), Fortaleza, Goiânia, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Grande São Luís, São Paulo e Grande Vitória.O índice de vulnerabilidade, que varia de 0 (situação considerada ideal) a 1 (a pior), é considerado baixo em quatro delas: São Paulo, Curitiba, Vale do Rio Cuiabá (MT) e Porto Alegre, esta última com o menor índice de risco social do país.

Segundo o Ipea, a região metropolitana que apresentou a maior redução no índice foi a do Vale do Rio Cuiabá, que saltou duas faixas em dez anos – de muito alta vulnerabilidade para média vulnerabilidade social. Já a região metropolitana de Salvador foi a que mais reduziu a mortalidade infantil no país. A capital baiana conseguiu diminuir o número de crianças mortas com até 1 ano de vida, de 40 casos para mil nascidos vivos, no ano de 2000, para 16 casos a cada mil nascidos vivos em 2010, o que significou uma queda de 60%.

Em Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, o principal avanço foi na redução do número de jovens entre 15 e 24 anos que não estudam, não trabalham ou têm renda domiciliar per capita menor que meio salário mínimo. Esse indicador em 45% nessas regiões.

Houve também redução na taxa de desocupação de pessoas acima de 18 anos em todas as 16 regiões. Isso significa que mais pessoas conseguiram emprego formal. O destaque foi Curitiba, onde a desocupação caiu de 13% para 4% na década analisada.

O Ipea indica, ainda, que 12 regiões conseguiram reduzir a parcela da população vivendo nas suas cidades sem coleta de lixo. Em todas as regiões, as quedas foram superiores a 53% entre 2000 e 2010. Goiânia apresentou a maior redução: 89% dos que não tinham acesso à coleta de lixo passaram a ser atendidos.

No ano 2000, três regiões metropolitanas estavam definidas como sendo de “muito alta vulnerabilidade”: Manaus, Recife e São Luís. Manaus passou a ser considerada como de “alta vulnerabilidade”, pontuando IVS de 0,415, em 2010, após melhorar seus indicadores sociais em 25,5%.

São Luís e Recife passaram a ser classificadas como regiões de “média vulnerabilidade”. A capital maranhense cresceu em 24% o indicador sobre infraestrutura urbana, o que contribuiu para que São Luís saltasse de um IVS de 0,551, em 2000, para 0,395, em 2010.

A pesquisa do Ipea mostra ainda que 9 regiões metropolitanas deixaram de ser classificadas como de “alta vulnerabilidade”, passando para “média vulnerabilidade” na década pesquisada. São elas: Belém, Belo Horizonte, Distrito Federal, Fortaleza, Goiânia, Natal, Rio de Janeiro, Salvador e Vitória. As regiões metropolitanas de Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo atingiram o nível de “baixa vulnerabilidade” entre 2000 e 2010.

O estudo tomou com base os dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (ADH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Ipea, utilizado na elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). O recorte pega os dois últimos censos demográficos do Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizados em 2000 e 2010.

O Atlas da Vulnerabilidade Social pode ser consultado por meio da plataforma http://ivs.ipea.gov.br/ivs/.