2ª Cúpula Climática na Bolívia exige justiça ambiental

A 2ª Cúpula Mundial dos Povos Sobre a Mudança Climática foi encerrada nesta segunda-feira (12) na Bolívia com a presença do presidente Evo Morales e seus homólogos da Venezuela, Nicolás Maduro, e do Equador, Rafael Correa.

Correa, Evo e Maduro na Cúpula Climática da Bolívia - ABI

Em suas intervenções os presidentes latino-americanos ressaltaram que a mudança climática é consequência do capitalismo, e por isso cobraram das grandes potências que cumpram suas responsabilidades. Exigiram ainda que sejam levadas propostas concretas para a Conferência do Clima 21, a ser realizada em Paris em dezembro.

Cúpula de Paris deve ser dos povos

Maduro reiterou seu chamado de “garantir que a Cúpula de Paris seja uma cúpula dos povos organizados e dos movimentos sociais”. Recordou que há 523 anos começou a maior história de ocupação, roubo e holocausto da humanidade (a invasão europeia na América Latina) e afirmou que “devemos seguir unidos para nunca mais permitir que avancem contra nosso povo, contra nossa geração”.

Ressaltou o papel do líder da revolução cubana, Fidel Castro, no continente latino-americano e convocou os governos da região a unir esforços para votar uma vez mais, durante a Assembleia da ONU, contra o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba.

Países capitalistas devem pagar dívida ecológica

O presidente do Equador, Rafael Correa, se referiu à necessidade de lutar por um tribunal internacional “para quantificar e ajudar a pagar a dívida ecológica que os países mais ricos têm, mas sobretudo evitar que essa dívida siga crescendo”.

Foi enfático ao afirmar que “o capitalismo e o mercado não podem resolver os problemas ambientais”. Explicou ainda que um habitante de um país mais rico produz 38 vezes mais emissões de CO2 que um morador de uma nação pobre.

Delegações de 54 países participaram do debate. À frente, na foto, está o Dr. Joel Filártiga, destacado militante dos Direitos Humanos no Paraguai

Criticou que não há punição se uma multinacional destrói a natureza e afirmou que isso se tornou um problema político que para ser resolvido precisa de comprometimento e responsabilidade dos Estados Unidos. “Imaginem se os grandes poluidores fossem Equador, Venezuela, Bolívia e os Estados Unidos tivessem a Amazônia e nós tivéssemos invadido”, provocou o presidente.

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, também cobrou responsabilidade dos países ricos. “Eles devem pagar a dívida ecológica (…) Não aceitaremos em Paris um novo acordo climático que anule as responsabilidades dos países ricos”, afirmou.

2ª Cúpula na Bolivia

A 2º Cúpula Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e Defesa da Vida realizada na Bolívia contou com a participação do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon e reuniu mais de 4.800 delegados de 54 países, entre os dais 10 e 12 de outubro. Na ocasião os líderes debateram propostas para reduzir danos no planeta.

As propostas debatidas durante esta cúpula serão levadas à 21ª Conferência Internacional sobre Mudanças Climáticas de Paris, em dezembro deste ano.

A Bolívia incentivou os países a adotarem um novo modelo sem consumismo exacerbado, nem capitalismo – sistema que vem provocando danos colaterais no ecossistema. Além disso, apresentou sua proposta de criar um Tribunal Internacional de Justiça Climática, que será levada a Paris.