Temendo “ataques terroristas”, Alckmin esconde dados da Sabesp 

Nos próximos 15 anos, dados referentes ao cadastro técnico-operacional da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) estarão sob completo sigilo. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado, no mês de maio. Na semana passada, o governo tucano também colocou sob sigilo informações estratégicas do metrô. Coincidência ou não, as companhias vêm sofrendo denúncias de má gestão e corrupção.

Por Laís Gouveia

Abuso: Alckmin tenta aumentar pela terceira vez conta de água

As informações da Sabesp sob sigilo incidem em projetos técnicos e operacionais, localização de redes de água e esgoto, equipamentos, instalações e sistemas operacionais. Com isso, os 492 pontos estratégicos de abastecimento não serão divulgados, impossibilitando a população de ter acesso às regiões abastecidas.

Para o presidente do Sindicato da Água Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema), Renê Vicente, a omissão das informações é uma estratégia do governo para esconder a real situação que o estado vive com a crise hídrica. “Com os dados sob sigilo, há uma completa negligência e falta de compromisso da Sabesp com a população. Apesar das negativas do Alckmin, o rodízio é um fato na cidade, bairros na periferia ficam 24 horas sem água. Interromper o abastecimento todos os dias é sim uma forma de racionamento não declarado. A Sabesp deveria esclarecer ao povo suas ações de economia, mas infelizmente, o que vemos hoje é o completo silêncio, somado com a falta de investimentos em sua infraestrutura e muito lucro aos acionistas”, concluiu o dirigente sindical.

Governo teme “ações terroristas”

O argumento usado pela companhia para ocultar as informações, inclusive buscando o amparo jurídico, consiste dizer que, a atitude evita “pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população” e que os locais que não correrão o risco do desabastecimento são estratégicos para o funcionamento de espaços coletivos que oferecem serviços à população. A Sabesp também declarou que a omissão dos dados previne a companhia de “ações terroristas”.