CUT elege nova diretoria e reafirma apoio a Dilma, mas cobra mudanças

A CUT encerrou nesta quinta-feira (16), em São Paulo, o seu 12º Congresso elegendo a diretoria que vai comandar a entidade nos próximos quatro anos. Vagner Freitas foi reconduzido à presidência da central. Em seu discurso, o sindicalista reafirmaram o apoio a presidenta Dilma Rousseff contra as manobras golpistas, mas cobraram mudanças na política econômica.

Congresso da CUT - CUT

"A presidenta Dilma tem de nós todo o apoio para continuar sua gestão, mas mude sua política econômica, ou vamos mudá-la nas ruas", salientou Vagner Freitas, enfatizando a necessidade de reformas estruturantes apontando a democratização dos meios de comunicação como um dos pontos fundamentais. "Não haverá democracia no Brasil enquanto não houver democratização dos meios de comunicação".

A vice-presidenta reeleita, Carmen Foro, reforçou o objetivo de "derrubar" a política econômica. "Ou não haverá desenvolvimento, emprego, garantia de políticas públicas", disse ela, destacando que é preciso realizar um "profundo trabalho" para aumentar a participação da juventude no movimento sindical.

O congresso reafirmou o compromisso com a unidade em defesa dos interesses dos trabalhadores e do Brasil. Uma demonstração dessa unidade foi o fato de haver apenas uma chapa, fato incomum em congressos da CUT.

"Essa chapa é produto de uma gestão de muita coerência e vontade de lutar", disse o dirigente Expedito Solaney, que vai atuar na central em Pernambuco. Segundo ele, foi o "enfrentamento" que garantiu a autonomia da CUT. "Temos unidade de ação e clareza ideológica".

"A classe trabalhadora tem lado, tem projeto político", afirmou Rosane Silva, que deixou a Secretaria da Mulher Trabalhadora. "Mas também vamos questionar o que está errado no projeto político que elegemos".

Rosana salientou como avanço a implementação da paridade de gênero na central – a direção da CUT passa, a partir de agora, a ter o mesmo número de homens e mulheres (22). "Estamos concretizando o sonho de todas nós, com as mulheres ocupando espaços de poder na central."

Presidente da Confederação Sindical Internacional e ex-presidente da CUT, João Felício, que deixa a executiva, fez questão de assinalar que a chapa eleita é formada por "companheiros de esquerda". "Temos lado na sociedade brasileira. Temos uma história de profunda relação com a nossa base. O dia em que a elite brasileira gostar de vocês (dirigindo-se aos delegados), se preocupem."


Avançar

O debate predominante durante o congresso foi como ampliar a articulação com os movimentos sociais, defender a democracia e cobrar alterações de rota na política econômica. O coro mais repetido pedia a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, além do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ): "Eu quero a Dilma que eu elegi/ Fora Cunha e o ajuste do Levy".

"A Dilma derrotou o Aécio graças à CUT e aos movimentos sociais. Não foi nenhum marqueteiro mágico", disse, durante o congresso, o diretor da central Julio Turra. Por isso, a cobrança é para que a presidenta "aplique o programa vitorioso nas urnas".