Paulinho admite derrota golpista: “Impeachment subiu no telhado”

A oposição tucana e seus aliados não escondem a derrota. Tentaram o caminho do golpe ao manobrar em direção a um pedido de impeachment contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, sem provas ou base legal, e, como admitiu o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), o plano “subiu no telhado”.

Paulinho Cunha e Aécio - Reprodução

“A gente estava fazendo impeachment pela imprensa e ninguém consegue fazer impeachment pela imprensa. Na hora que você fala que vai fazer, o adversário se prepara”, disse o aliado tucano em entrevista ao Valor Econômico.

Os golpistas achavam que o fato da grande mídia apoiar, e muitas vezes ditar a pauta política, os deixava com a faca e o queijo nas mãos.

“Nós subestimamos um pouco isso. Achávamos que era muito mais fácil tirar a Dilma do poder do que está sendo”, confessou Paulinho, que nem mesmo na central sindical que ele comanda, a Força Sindical, conseguiu apoio para a empreitada. Segundo o atual presidente da central, Miguel Torres, em nota publicada no semanário Época, a crise política passa ao largo do dia a dia dos trabalhadores. Ele afirma que "o impeachment da Dilma e se cai ou não Eduardo Cunha passam longe do debate nas fábricas” e, portanto, a pauta dos trabalhadores é garantir os empregos.

Ainda segundo Paulinho – que não poupa palavras e nem esconde seus planos quando o assunto é golpismo –, a nota publicada pela oposição pedido o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, foi um dos maiores erros.

Ele disse que a nota seria de “fachada”, apenas para tentar diminuir a cobrança que existia por coerência no discurso da oposição de combate à corrupção. Mas o tiro saiu pela culatra, pois esqueceram de avisar o aliado-chave no golpe, provocando a ira de Cunha.

Não contavam com a astúcia do STF

A arrogância de Paulinho não permite que enxergue todos os fatos, pois além dos erros de estratégia, a oposição sofreu um baque crucial com as três liminares do Supremo Tribunal Federal (STF), impetradas por parlamentares como Rubens Junior, do PCdoB do Maranhão, que barraram o chamado “rito do impeachment”.

Cunha foi denunciando pela Procuradoria-Geral da União como dono de conta suspeita na Suíça que teria movimentado dinheiro de propina em contratos da Petrobras. As evidências contra ele só aumentam.

Paulinho joga a toalha: “Para mim está claro: se cair o Eduardo, não tem impeachment”, pois isso, ele diz que não vai poupar esforços para “manter o apoio a ele porque nosso objetivo principal é derrubar a Dilma”.

As declarações de Paulinho só confirmam o que a presidenta Dilma tem afirmando nos últimos meses, de que a oposição faz a política do “quanto pior, melhor” e não está preocupada em combater a corrupção muito menos em retomar o crescimento.

FHC também muda discurso

Fernando Henrique Cardoso foi outro a dar declarações evidenciando o derrotismo. Em entrevista ao jornal argentino Clarín, admitiu que as acusações contra Dilma não têm consistência para retirá-la do cargo.

“Não acho que [Dilma] tenha cometido abuso de poder em benefício próprio”, disse o ex-presidente tucano.

Agora, a oposição diz que vai tentar reanimar o impeachment pelas ruas com os grupos como Revoltados On line e Vem pra Rua. Mas não parece surtir o efeito esperado. Uma “manifestação” pelo impeachment reuniu cerca de 20 pessoas na Avenida Paulista, região central da cidade de São Paulo, neste domingo (18).

Apesar da convocação nas redes sociais, o pequeno grupo teve que aproveitar os momentos de semáforo fechado para ocupar a via, no sentido Rua da Consolação.