Barros diz que proposta de corte do Bolsa Família o fez um pop star

"O Bolsa Família me tornou um pop star", definiu o deputado Ricardo Barros (PP-PR), em entrevista ao Valor Econômico. Ele é o relator do Orçamento 2016 e na semana passada propôs um corte de R$ 10 bilhões no programa. A partir disso, segundo ele, passou a ser reconhecido na rua, conceder dezenas de entrevistas.

Deputado Ricardo Barros PP - Agência Câmara

Empolgado com o status que a mídia lhe deu e reforçando a política do "quanto pior melhor, Barros diz que não vai recuar. "Vamos decidir isso lá na Comissão de Orçamento. Eu proponho o corte. Eles que apresentem um destaque e proponham tirar de outras rubricas para preservar o Bolsa Família", disse.

A postura revela que o dito parlamentar está mais preocupado em aparecer do que com as consequência de sua ação no orçamento. Faz de sua posição de enfrentamento ao governo um palanque para ganhar “notoriedade” nacional, mesmo que não seja por uma ação positiva.

A presidenta Dilma Rousseff repeliu a proposta destacando que "cortar Bolsa Família é atentar contra 50 milhões de brasileiros".

De acordo com a matéria do Valor, Barros é engenheiro civil por formação, mas de acordo com a sua prestação e contas, ele também é dono de várias cotas de capital em empresas diversas, de construtoras a empresas de rádio e locação de veículos.

Ainda segundo o jornal, em 2014, arrecadou R$ 3,1 milhões em doações de campanha, sendo a maior parte proveniente de repasses do PP de doações da JBS (R$ 1,25 milhão) e da Galvão Engenharia (R$ 583 mil).

“No 'site' do Bolsa Família está escrito que 75% dos beneficiados declaram estar no mercado de trabalho. Não vejo nenhuma dificuldade de se implementar esse ajuste, retirando os 700 mil”, disse ele.

Indagado porque tirou R$ 4,5 bilhões do PAC para atender as emendas de bancadas estaduais, Barros admitiu: “Minha obrigação é empoderar o Parlamento. Nos últimos quatro anos, o anexo de metas da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias], que recebe centenas de emendas, é vetado integralmente. A gente pode considerar que é um desrespeito à decisão do Congresso. As emendas de bancada envolvem os governadores, prefeitos de capitais e também não são executadas”.