Fraude nas eleições fez Ucrânia voltar ao feudalismo, diz ex-premiê

O ex-premiê da Ucrânia Mykola Azarov denunciou nesta terça-feira (27) que as eleições locais de 25 de outubro bateram recorde de violações e levaram o país de volta à era feudal.

Ex-premiê denuncia fraude eleitoral na Ucrânia

"Não consigo lembrar nada como isto em toda minha vida. Honestamente, esses governantes são incapazes de administrar uma simples estrutura de eleições para que pareçam mais ou menos decentes", disse Azarov ao canal de televisão Life News.

Indicou que a Comissão Eleitoral Central (CEC) da Ucrânia mentiu sobre a participação nas urnas, aumentando a cifra a quase metade (46%), e que existe uma divisão na coalizão dirigente.

Em vez da federalização da qual tanto se tem falado, nos encontramos perante a uma feudalização, quando todas as regiões foram colocadas nas mãos de certos senhores feudais que organizaram as eleições, explicou Azarov.

As eleições para eleger os corpos de governo aconteceram no domingo (25) sem que os colégios eleitorais abrissem nas cidades de Mariupol e Krasnoarmeisk, controladas por Kiev, devido a armadilhas óbvias nas cédulas de votação, segundo as autoridades ucranianas.

Fontes da Suprema Rada (Parlamento) confirmaram que em breve serão feitas emendas à lei para facilitar que essas duas cidades possam votar na mesma data em que for realizado o segundo turno eleitoral no resto do país.

Yuri Boiko, um dos líderes do Bloco Opositor e do extinto Partido das Regiões, advertiu que não reconhecerá os resultados eleitorais nos lugares onde foi impedida a participação da coalizão opositora.

Boiko disse que as recentes eleições regionais foram as mais sujas de seu país, ao denunciar a compra de votos, a existência de obstáculos para que eleitores exercessem seu direito em condições normais, junto ao boicote contra candidatos que contestam o atual governo.

O presidente da Ucrânia, Petro Porochenko, considerou absolutamente "inaceitáveis" as tentativas de fraude que levaram ao adiamento obrigatório das eleições regionais em Mariupol, para "antes do final de 2015", segundo disse.

"Desde o começo, afirmei a necessidade de eleições em Mariupol e não podemos admitir o fato de que, segundo a informação que tenho, se preparava uma ou outra falsificação", afirmou o mandatário.

Porochenko também ordenou autoridades policiais a investigar a fundo as razões pelas quais as eleições nessa cidade sob controle de suas tropas foram "malogradas".

"As eleições em Mariupol devem ser realizadas ainda este ano. Esta é o rosto da Ucrânia e precisamos mostrar ao mundo que somos um estado livre, democrático e lutamos para que as eleições cumpram com os mais altos padrões internacionais", concluiu, citado pela agência de notícias Ukrinform.