Desigualdade de renda voltou a cair no Brasil, aponta Pnad

A distância entre pobres e ricos voltou a diminuir no Brasil em 2014. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) , divulgada nesta sexta (13). De acordo com o estudo, o rendimento médio mensal real dos 10% mais mal remunerados no país quase dobrou em dez anos. No último período, no entanto, o avanço da renda tem ocorrido de forma mais devagar.

Desigualdade

O índice de Gini, métrica internacional para medir a desigualdade, baixou de 0,495 para 0,490 entre 2013 e 2014, com base no rendimento do trabalho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo estudo. Quanto menor o indicador, menor a desigualdade.

Os 10% no topo da pirâmide concentravam, em 2014, 40,3% do total de rendimentos de trabalho, enquanto os 10% da classe mais baixa receberam 1,4% desse total — o que significa uma diferença de 28 vezes.

Segundo a pesquisa, entre 2011 e 2014, a renda do grupo mais mal remunerado teve crescimento de 12,7%. Nos três anos anteriores, a ampliação foi de 28,9%. E, entre 2004 e 2014, esta parcela da população teve um incremento de 91% em seus rendimentos.

Os dados mostram que, ao longo de uma década, os ganhos do décimo da população que menos recebe cresceram três vezes mais do que os da parcela que abrange os 10% mais bem remunerados, cujos rendimentos aumentaram em 29,7%.

Entre os mais bem remunerados, o ganho médio mensal passou de R$ 5.514 em 2004 e chegou a R$ 7.154, no ano passado. Entre os 10% mais pobres, no mesmo período, a renda média passou de R$ 134 para R$ 256.

Todas faixas intermediárias também tiveram aumento da renda no ano passado, especialmente as que giram em torno do valor do salário mínimo (de R$ 724 em 2014), o que é uma boa notícia para a redução da desigualdade no país.

O rendimento médio mensal real de todos os trabalhadores foi estimado pelo IBGE em R$ 1.774 em 2014, valor 0,8% superior à média de R$ 1.760 apurada em 2013. Em 2011, essa variação chegou a ser de 8%, o que mostra uma desaceleração nesse incremento da renda.

Por região

Pelo índice de Gini, as regiões Nordeste e Centro-Oeste apresentam o maior nível de desigualdade, 0,501 e 0,487, respectivamente. No entanto, foram as que registraram as maiores reduções no indicador entre 2013 e 2014: 4,4% e 3,5%. Nestas regiões, os rendimentos médios reais dos 10% mais bem remunerados caíram 7,8% e 6,4%, muito acima do 0,4% da média nacional do segmento.

Na direção contrária, a região Sudeste foi a única que teve um aumento no índice de Gini, de 0,7%, passando de 0,475 para 0,478. Isso não acontecia desde 2005. Para o IBGE, a elevação da desigualdade no Sudeste pode ser explicada pela queda — única entre as regiões — do rendimento médio mensal real dos 10% mais pobres, que foi de 0,7%.