Lideranças do PCdoB rechaçam desmonte educacional tucano

Desde que o governo paulista anunciou o fechamento de 94 escolas da rede pública, em setembro, num processo forçado de “reformulação” do ensino, estudantes se mobilizam contra a medida e, recentemente, começaram a ocupar colégios em protesto. As estudantes Camila Lanes, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), e Angela Meyer, presidenta da União Paulista de Estudantes Secundaristas (Upes) foram detidas pela polícia sob alegação de invasão do patrimônio público.

Ocupações - DANILO RAMOS /RBA

De acordo com as militantes, a PM invadiu a escola apontando fuzis para os estudantes e, após discussão, deram voz de prisão às duas.

“Eles colocaram uma fita no braço delas de identificação e disseram que elas não poderão sair até que eles resolvam a situação”, conta a vice-presidente da União da Juventude Socialista (UJS) e ex-presidenta da Ubes, Manuela Braga.

No fim da manhã desta quarta-feira (18), as estudantes foram liberadas. “O delegado decidiu que nós não tínhamos feito nenhum dano ao patrimônio da escola, apenas tínhamos ‘invadido’, por isso decidiram nos liberar”, conta Camila Lanes.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o governo tucano erra mais uma vez ao reprimir o protesto dos estudantes. “É o terceiro erro consecutivo do governo do estado de São Paulo no mesmo caso”, afirma.

Segundo o parlamentar, entre os erros do governador tucano estão a imposição de uma mudança pedagógica “profundamente polêmica”, a falta de diálogo com a sociedade e com a comunidade escolar, além da repressão aos protestos.

“A ocupação das escolas de São Paulo foi a alternativa encontrada pelos jovens para resistir. Ao invés de dialogar, o governo prefere o enfrentamento, o que denota seu caráter antidemocrático. O governo de São Paulo erra sem parar. A luta dos estudantes não vai parar por conta de repressão”, diz.

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), se soma às críticas. Segundo ela, a chamada “reorganização” vai eliminar “milhares de vagas nas salas de aula”.

De acordo com informações do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), já são quase 40 escolas ocupadas em todo o estado. Os protestos acontecem nas cidades de São Paulo, Diadema, Santo André, Mauá e Bauru, sendo que em Campinas e Santos também já tiveram manifestações.

Os estudantes dizem que não vão deixar as ocupações enquanto o governo Alckmin não recuar da proposta. Este também é o caminho apontado pelo deputado Orlando Silva.

“A alternativa é o governo recuar da sua posição e abrir um debate com especialistas, educadores, com a comunidade escolar, movimentos sociais que atuam na educação. É assim que um governo democrático deve agir quando pretende construir uma reforma que tem impacto na vida das pessoas”, diz.