Mantendo truculência, Herman diz que ocupações não são legítimas

Em entrevista à Rádio CBN nesta quarta-feira (25), o secretário da Educação do governo Alckmin, Herman Voorwald, afirmou que não irá dialogar com os estudantes que estão ocupados há duas semanas em seus colégios e resistem contra o plano de reorganização escolar, que pretende fechar 92 escolas no estado, mantendo a praxe dos governos tucanos da inexistente falta de democracia e diálogo.

Por Laís Gouveia

Mantendo truculência, Herman diz que ocupações não são legitimas

Tentando justificar as críticas à falta de transparência em apresentar o plano, o secretário afirmou que o dialogo ocorreu entre as 92 diretorias de ensino e as direções dos colégios e que há ociosidade de vagas. Herman não citou na entrevista o motivo de não haver o diálogo com os pais, professores e alunos que foram pegos de surpresa com o anúncio do fechamento das escolas em entrevista que o secretário concedeu à Rede Globo.

Especialistas em educação criticam os argumentos em ociosidade de vagas, dizendo que, ao invés de fechar escolas, o ideal seria remanejar os alunos nas salas de aulas dos colégios que serão fechados, mantendo o funcionamento das escolas e combatendo o problema das salas de aulas lotadas, questão que se agravará mais com o remanejamento dos estudantes para outros locais.

Educadores também denunciam que o plano de fechamento das escolas irá afetar em cheio os estudantes do EJA, tendo em vista que a maioria das matrículas encerradas são do período noturno.

Francisca Seixas, diretora da Apeoesp, afirmou na semana passada ao Portal Vermelho que há um claro interesse do setor privado no plano. “Ao separar o ensino fundamental do ensino médio, uma vez que o ensino noturno de muitas escolas serão fechadas e já foi vetado, por exemplo, a matrícula no 1º colegial, ou seja, não são apenas 92 escolas que terão suas atividades encerradas e isso favorecerá diretamente os colégios particulares.”

Herman, que durante a entrevista titubeava em explicar o conteúdo do plano de reorganização para além do discurso da ociosidade das vagas, afirmou que grande parte da rejeição ao fechamento das escolas se deve ao movimento de ocupações das escolas estar contaminado por questões políticas e militantes que invadem escolas, partidos de esquerda e que os mesmos estariam manipulando a opinião pública contra o plano.

O secretário afirmou que o conteúdo plano de reorganização escolar já está pronto há muito tempo, mas não estipulou uma data para apresentá-lo à sociedade.

Ao ser questionado na razão do movimento ter tomado grandes proporções, o secretário admitiu a inexistente falta de diálogo: “Pode ter ocorrido uma deficiência de diálogo, a informação não chegou à população da maneira que deveria”.

O secretário encerrou dizendo que o governo do estado tem como princípio a educação de qualidade.