PCdoB condena tentativa de golpe de Eduardo Cunha

Acuado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou em entrevista coletiva nesta quarta-feira (2) que aceitou pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Parlamentares do PCdoB no Congresso denunciaram a tentativa de manchar a história de uma presidenta honesta, ferindo a legislação vigente.

Eduardo Cunha

À frente da bancada do PCdoB na Casa, a deputada Jandira Feghali (RJ) questionou a credibilidade de Cunha e de setores da oposição para conduzir um processo de impeachment na Casa, tendo em vista que muitos foram denunciados por corrupção. “O PCdoB vai lutar com todas as forças para ajudar a construir um processo de luta que barre essa tentativa absolutamente ridícula de tentar interromper o mandato da presidenta. Estamos firmes na defesa da democracia e firmes contra essa atitude indecorosa, indigna e absolutamente revanchista.”

Das sete solicitações de afastamento que ainda estavam aguardando análise, Cunha aceitou o requerimento formulado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, que inclui as chamadas “pedaladas fiscais” do governo em 2015.

Vice-líder do governo, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), diz que caiu a máscara da oposição brasileira. “Eles vieram aqui fazer jogo de cena, insinuando que estavam rompendo com Eduardo Cunha, mas servem ao mesmo propósito de atacar a democracia brasileira. Não subestimem a capacidade de luta do nosso povo. Voltaremos ao Supremo Tribunal Federal para que, por meio do Judiciário, possamos fazer cumprir as regras da democracia.”

Na avaliação da bancada do PCdoB, o STF barrará a iniciativa de Cunha. “É um claro abuso de poder e desvio de finalidade de Cunha. Sem contar que não há processo sem rito previamente definido,” explica o deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA).

A falta de fundamento jurídico do pedido de impeachment é evidente, avalia a presidenta nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE). “Nosso país não merece ficar refém daqueles que não têm compromisso com o bem-estar do nosso povo, com o desenvolvimento e com a defesa da democracia. O golpe não passará!”

Já a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) denuncia manobras sucessivas no Plenário na noite de quarta-feira (2). “Estamos numa sessão da Câmara dos Deputados ilegal. Neste momento, estamos reunidos para analisar a prorrogação de CPIs, mas na verdade é apenas um pretexto para possibilitar que Eduardo Cunha adentre a sessão e leia o requerimento de impeachment da presidenta, acatado por ele.”

Presidente da Câmara sinaliza desespero

Para a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), o presidente da Câmara está agindo com a perspectiva de que chegou ao final de sua caminhada. A decisão seria uma retaliação ao possível avanço da sua cassação no Conselho de Ética. “O presidente cria um clima que não podemos admitir nesta casa. O povo brasileiro defendeu o mandato da presidenta legitimamente eleita por 54 milhões de brasileiros e rechaçará esta atitude de retaliação de Eduardo Cunha, que só demonstra que não tem a menor condição de continuar na Presidência da Câmara.”

A senadora Vanessa Grazziotin, líder do PCdoB no Senado, tem opinião semelhante. “A denúncia é fraca e apoiada pelo sentimento de vingança. A decisão de Cunha pode representar a ruptura de nossa jovem democracia.”

O deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA) lamentou a demonstração clara do nível em que chegou a política no Brasil. “Eduardo Cunha, presidente da Casa, denunciado com recursos na Suíça, resolve abrir processo de impeachment contra a presidenta Dilma. Isso é uma demonstração clara da tentativa de desestabilização ainda maior da economia brasileira, da política no Brasil, e quem sofre é o povo. Estamos vendo que a oposição quer o pior para este país. Estamos defendendo a legalidade contra o golpe.”

Dilma considera improcedente

A presidenta Dilma Rousseff se manifestou sobre o pedido de impeachment por meio de vídeo ao vivo no Facebook. Segundo ela, nos últimos dias, a imprensa noticiou que haveria interesse na barganha dos votos de membros da base governista no Conselho de Ética da Câmara. Em troca, haveria o arquivamento dos pedidos de impeachment.

“Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, bloqueiam a justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública. Tenho convicção e absoluta tranquilidade quanto à improcedência deste pedido”, garante Dilma.