UBM: O Brasil não pode ficar refém de um chantagista

Em nota divulgada nesta quinta-feira (3), a União Brasileira de Mulheres manifesta seu repúdio e indignação “ao golpe que estão tentando desferir contra a democracia brasileira”. Para a entidade feminista, a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, desrespeita o voto de 54 milhões de brasileiros e brasileiras. “Elegemos a presidenta Dilma democraticamente em eleições limpas! O deputado Eduardo Cunha age de forma torpe!”, critica o documento.

Presidenta Dilma e Lucia Rincon, presidenta da UBM, na Marcha das Margaridas

No texto, as feministas ressaltam o revanchismo de Eduardo Cunha que, após não conseguir apoio do PT na Comissão de Ética onde está sendo julgado o seu caso, faz um “movimento claro de vingança e retaliação”. Sabendo que pesam sobre o presidente da Câmara “denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro, além de utilização do cargo para perseguição e constrangimento de adversários”.

Segue a íntegra da nota abaixo:

O Brasil não pode ficar refém de um chantagista! Fora Cunha! Fica Dilma!

A União Brasileira de Mulheres manifesta seu veemente repúdio e indignação ao golpe que estão tentando desferir contra a democracia brasileira. Na noite de ontem, o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara dos Deputados, acatou abertura do processo de impedimento da presidenta Dilma, legitimamente eleita pelo voto soberano do povo brasileiro e sobre quem não pesa nenhuma acusação contra sua honra ou conduta à frente do cargo. Movimento claro de vingança e retaliação por seus pares na Câmara terem dado mais um passo rumo à cassação do deputado-achacador, sobre o qual pesam denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro, além de utilização do cargo para perseguição e constrangimento de adversários.

A eleição e exercício do mandato de Eduardo Cunha tem sido mais uma prova inequívoca de como o financiamento privado de campanha pode vir a corromper as instituições da República. A maneira como ele vergonhosamente utiliza do cargo – o terceiro na linha de sucessão presidencial – para conseguir vantagens pessoais e fazer aprovar projetos distantes da vontade popular ou do espírito democrático da Constituição de 1988 – muitas vezes através de escandalosas manobras regimentais, como no primeiro turno da votação da redução da maioridade penal – provam que é insustentável sua permanência à frente do cargo que ocupa e mesmo como representante do povo. Cunha, contra quem pesa, inclusive, denúncia de agressão contra a ex-mulher, também vem agindo insidiosamente contra os direitos das mulheres: seu projeto 5069/2013 é escandalosamente misógino e faz corar quem tem alguma noção de direitos humanos.

Exigimos o respeito ao voto de 54 milhões de brasileiros e brasileiras! Elegemos a presidenta Dilma democraticamente em eleições limpas! O deputado Eduardo Cunha age de forma torpe! Não nos esqueceremos daqueles que, neste momento, ameaçaram a democracia brasileira por anseios mesquinhos e antidemocráticos, como alguns deputados e porta-vozes da direita que aproveitam o golpe de ocasião de Cunha para arrancar à força um impeachment insustentável política ou juridicamente, e que, felizmente, temos certeza, são uma minoria. Estamos certas também de que o STF saberá cumprir com o papel que lhe cabe, além dos inúmeros juristas e personalidades que já se posicionaram publicamente em defesa da nossa democracia e contra o impeachment.

De nossa parte, estaremos mobilizadas nas ruas e em todos os espaços em defesa do mandato constitucional da presidenta Dilma e contra qualquer tentativa de golpe contra nossa democracia.

O Brasil não pode ficar refém de um chantagista! Fora Cunha! Fica Dilma!

União Brasileira de Mulheres, 3 de dezembro de 2015.