Mattelart: A era tecnológica facilita a vigilância das massas

O controle dos indivíduos e a falta de privacidade do sujeito foi o eixo central da palestra "Por uma crítica dos sociosistemas de controle", proferida na segunda-feira (7) em Havana pelo destacado teórico belga Armand Mattelart.

Armand Mattelart

As tecnologias são incubadoras de novas e emancipadoras formas de comunicação, mas é importante reconhecer suas ambiguidades, afirmou o sociólogo, cuja dissertação deu início ao 8º Encontro Internacional de Pesquisadores e Estudiosos da Informação e da Comunicação.

Nesse sentido, o autor do livro "Histórias das teorias da Comunicação" alertou sobre o uso que os países mais desenvolvidos fazem de tecnologias de vigilância para prever os comportamentos humanos.

Esta nova forma de "governamentalidade" está construída sobre a base de estratégias que aproveitam os grandes volumes de informação de dados privados (BigData), compartilhados voluntariamente pelos internautas em seus perfis de redes sociais, pontuou.

Reconheceu também que empresas como Google abusam de sua posição dominante para empregar, com fins comerciais, a informação propiciada por seus usuários, desrespeitando os princípios de privacidade.

Além disso, assinalou que com a justificativa de lutar contra o terrorismo, governos como o dos Estados Unidos promovem estas formas de controle, que reduzem o sujeito a um conjunto de estatísticas e o convertem em cidadãos cada vez mais "transparentes".

Outro dos temas da conferência foram as estratégias que promovem na ONU vários países latino-americanos como o Brasil, para suscitar políticas que garantam seus direitos digitais e proteção frente a vigilância de massas.

Ao finalizar, Mattelart, condecorado na jornada com o título Doutor Honoris Causa da Universidade de Havana, advertiu que a vigilância e o controle sobre as pessoas pode ser visto também como uma expansão de territórios, e portanto, da guerra.