Mulheres vão às urnas pela primeira vez na Arábia Saudita

As eleições municipais da Arábia Saudita deste sábado (12/12) são as primeiras em que existem eleitoras e candidatas mulheres. Segundo a ONG internacional Human Rights Watch, 979 mulheres disputam cargos no pleito e as mais de 130 mil que estão habilitadas a votar representam menos de 10% do total de eleitores registrados para a eleição deste sábado.

eleições sauditas

A Arábia Saudita é um dos países com a legislação mais restritiva às mulheres. No pleito deste sábado, as mulheres votaram em seções eleitorais separadas das dos homens. No país, as mulheres precisam ter representantes homens, que têm direitos a decidir sobre as viagens, casamento, patrimônio, trabalho e procedimentos médicos delas.

Mesmo com o direito a se candidatar, as mulheres concorrendo aos conselhos municipais não foram permitidas de se dirigir diretamente a eleitores homens, tendo que fazer campanhas atrás de divisórias, para esconder o rosto, ou com um apoiador homem em seu lugar. A falta de experiência e de recursos para conduzir uma campanha também prejudicaram as candidatas. As mulheres começaram a se cadastrar para a eleição no último mês de agosto e as campanhas começaram oficialmente no final de novembro.

“Não considero que vencer seja o objetivo final. Eu me concentro no direito de ser cidadã, o que considero ser um ponto de virada. Estamos encarando [as eleições] como uma oportunidade de exercer nosso direito e de lutar por mais”, disse à agência de notícias Associated Press, Hatoon al-Fassi, coordenadora da Iniciativa Saudita Baladi, que trabalhou junto a mulheres para conscientizá-las da importância da participação na eleição.

Existem cerca de 2.100 assentos nos conselhos municipais da Arábia Saudita que estão em disputa na eleição. Outros 1.050 são apontados pelo rei Salman. Os conselhos municipais são o único órgão governamental que a população é autorizada a eleger. Eles não possuem caráter legislativo, mas deliberam sobre questões locais como orçamento e obras públicas.

Latifa al-Bazei, candidata e diretora de uma escola pública, afirmou à Associated Press após votar em Riad, capital do país, que sua participação na eleição faz parte de seu serviço à comunidade. “Por 23 anos fui professora e administradora de uma escola. Meu objetivo é desenvolvimento e mudança”, disse ela.

Também em Riad, Shara al-Qahtani votou em um candidato homem cujo nome diz ter reconhecido, porém suas duas filhas votaram em candidatas mulheres. Ela afirmou que a participação feminina “é boa para o povo e para a sociedade”. “As mulheres são parceiras dos homens”, disse al-Qahtani.