Soledad Barrett, assassinada pela ditadura, é anistiada

Soledad Barrett Viedma, que completaria 70 anos em janeiro último, foi declarada nesta sexta (11) anistiada política, post-mortem, pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

Soledad Barret - Reprodução

Paraguaia, militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), ela foi assassinada em 1973, quando estava grávida de Cabo Anselmo (José Anselmo dos Santos), líder dos marinheiros em 1964 que se tornaria delator para a ditadura. Uma de suas vítimas foi justamente Soledad, morta com mais cinco integrantes (quatro homens e uma mulher) da VPR durante o chamado Massacre da Chácara São Bento, em Paulista (PE), em operação comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.

"Esse crime contra Soledad Barrett Viedma é o caso mais eloquente da guerra suja da ditadura no Brasil", escreveu há alguns anos, para o portal Carta Maior, o jornalista Urariano Mota, autor do livro Soledad no Recife (Boitempo, 2009) e colaborador do Vermelho.

"Seu corpo ainda está desaparecido e até hoje não foi expedida a sua certidão de óbito. Declarada oficialmente morta e desaparecida por responsabilidade do Estado brasileiro, Soledad agora é também anistiada brasileira por todas as perseguições que sofreu ainda em vida", escreveu nesta sexta o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão. "Sua filha, Ñasaindy Barret de Araújo, recebe formalmente o Pedido de Desculpas do Estado brasileiro."

Abrão lembrou ainda que "o Brasil pede desculpas durante a Caravana da Anistia em Belém do Pará a camponeses do Araguaia, trabalhadores e militantes que enfrentaram as consequências do golpe de 1964". Esta é a 92ª caravana.