Dilma é receptiva a documento que propõe retomada do crescimento 

A presidenta Dilma Rousseff recebeu na tarde desta terça-feira (15), em Brasília, o documento “Compromisso pelo Desenvolvimento”, iniciativa das seis centrais de trabalhadores e setores do empresariado para a superação da crise financeira.

Compromisso pelo Desenvolvimento - Dilma, ministros, centrais e empresários - Valcir Araújo
O documento causou boa impressão na presidenta e nos ministros, e as centrais e empresários saíram do encontro com a promessa de que o acordo de leniência reivindicado se transformará em medida provisória.


Dilma prometeu avaliar os demais pontos do documento e dar uma resposta à equipe numa nova reunião, marcada para a próxima sexta-feira (18), pela manhã.

O texto “Compromisso pelo Desenvolvimento” traz propostas das centrais e dos empresários e propõe 7 diretrizes básicas para a retomada do crescimento econômico e social brasileiro na atual conjuntura de crise político-econômica que trava o país.

Participaram do encontro os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência) e Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento, Indústria e Comércio). Representando os trabalhadores, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Contag, Federação Única dos Petroleiros (FUP), Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea) e Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

O objetivo da iniciativa conjunta é superar a crise e adotar uma política de desenvolvimento que promova a valorização do trabalho e da produção.

A presidenta Dilma foi receptiva às propostas e classificou as diretrizes como fundamentais para a reestruturação da economia.

Ela foi surpreendida positivamente com o consenso de ideias desenvolvidas por um movimento como este, composto por representantes da classe trabalhadora e empresarial.

Acordo de leniência

O grupo propôs a adoção do Acordo de Leniência (previsto em processos administrativos, onde a empresa admite conduta irregular e colabora com a investigação em troca de punições mais brandas) para diminuir os impactos causados na economia pelo uso político indevido da Operação Lava Jato.

A presidente acolheu a ideia e já adiantou que pretende transformar a proposta em Medida Provisória. Ao fechar os acordos, as empresas podem ressarcir os cofres públicos em caso de recursos desviados e dar informações que podem resultar em outras punições. A medida contribuiria para o bom andamento das investigações e a retomada de obras interditadas pela Operação.“Dilma foi bastante receptiva à construção do Compromisso pelo Desenvolvimento. Para ela, o Brasil vive um momento singular, em que a crise política tem sido um elemento dificultador às demais áreas”, relatou Adilson Araújo, presidente da CTB.

De acordo com o dirigente, a intenção do conjunto de propostas é ajudar o Brasil a encontrar o caminho para recuperar o desenvolvimento e dar sequência às grandes obras de infraestrutura, “prejudicadas, sobretudo, pela Lava Jato”.

“Estudos comprovam que a referida operação tem provocado um impacto negativo na produção do PIB, atingindo hoje um percentual de 2,5%. Isso contribui para um processo de estagnação e profunda recessão ao país”, reforçou o sindicalista, que defende que todas as entidades representativas se unam no combate a esse retrocesso.  

Pascoal Carneiro, secretário de Trabalho e Previdência da CTB, falou sobre o impacto positivo que o documento, feito por empresários e trabalhadores, causou no governo.

“Os ministros falaram muito bem do documento. A construção deste plano de ação foi bastante positiva e, apesar do momento de dificuldade,  as perspectivas são as melhores”, afirmou.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, demonstrou otimismo e ressaltou as qualidades da proposta. “É uma proposta de nova agenda econômica, uma política de desenvolvimento para aquecer o mercado interno e trazer o barateamento do crédito.”

Na opinião de Luiz Moan, presidente da Anfavea, as questões políticas “devem ser tratadas o mais rapidamente no campo da política”. Para ele, “nada disso pode atrapalhar a tomada de decisões que promovam uma retomada da economia brasileira”.