Luta dos trabalhadores em 2015 priorizou empregos e direitos 

De acordo com dados de agosto deste ano do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aproximadamente 69% das negociações de acordos coletivos conquistaram aumento real. Quase no final do ano, a presidenta Dilma Rousseff atendeu trabalhadores e empresários assinando a medida provisória do acordo de leniência, buscando preservar empregos.

por Railídia Carvalho

Foto: PCdoB Rio de Janeiro

Em um ano em que a crise política promoveu o acirramento da crise econômica, estes dois objetivos conquistados apontam que foi acertada a estratégia de luta dos trabalhadores.

O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz, disse que a resposta sindical foi coerente com o problema a ser enfrentado.

“Mais de 60% dos acordos preservaram ganhos salariais; isso não é pouca coisa no contexto que a gente vive”, afirmou.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, disse que os trabalhadores sobreviveram a 2015 e destacou o acordo de leniência, iniciativa das centrais e empresários, como estratégico para a retomada do crescimento econômico com geração de renda e emprego.

Assinada no dia 18 de dezembro pela presidenta, a MP concede às empresas, investigadas pela Operação Lava Jato, o direito de continuar participando de contratos com a administração pública, caso cumpram as penalidades impostas.

Aproximadamente 29 empresas, sobretudo do setor naval, estão na lista das investigadas pela Lava Jato e, portanto, tiveram as atividades paralisadas. Em consequência disso, nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul cerca de 40 mil trabalhadores foram demitidos.

“Com a assinatura da medida provisória do acordo de leniência os trabalhadores passam a ter uma perspectiva de barrar o desemprego em 2016”, ressaltou Adilson.

A próxima reunião entre as centrais de trabalhadores, empresários e a presidenta Dilma Rousseff está agendada para 16 de fevereiro, podendo ser antecipada. Estarão em debate mais algumas diretrizes que foram propostas para a retomada do crescimento.

Perspectivas

Na opinião de Adilson, a tarefa das centrais no próximo ano é se voltar para uma forte atuação no Congresso Nacional combatendo pautas que ameaçam os direitos dos trabalhadores, como o projeto de terceirização que está no Senado Federal, agora como Projeto de Lei da Câmara 30/2015.

“Não vai ser tarefa fácil porque estaremos cercados por um ambiente político complicado e ainda teremos pela frente uma batalha eleitoral”, disse o sindicalista.

Ele defendeu a necessidade de os trabalhadores ganharem as ruas para fazer prevalecer os direitos conquistados, uma nova direção para a política macroeconômica e barrar o golpe contra a presidenta Dilma.

“A seletividade da Lava Jato que causou um forte impacto nas relações de trabalho acirrou o quadro de instabilidade política e trouxe uma agenda recessiva para o Brasil. O nosso movimento é oferecer uma nova agenda que retome o crescimento.”

CTB

O protagonismo demonstrado pelas centrais de trabalhadores em 2015 ganhou força com o fortalecimento da CTB, em especial, que, com apenas 8 anos de existência, se estabelece como a central que mais cresce no Brasil.

De acordo com dados divulgados em 2015 pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a CTB mantém nos seus quadros 11% dos trabalhadores sindicalizados no Brasil. Dados da central apontam mais de mil sindicatos filiados, entre eles o Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, que tem 460 mil trabalhadores sindicalizados.

“O crescimento da central se deve ao trabalho sério, comprometido, de luta internacionalista e de defesa intransigente dos direitos sociais e do papel e da importância dos movimentos sociais”, definiu Adilson.