Arábia Saudita executa 47 pessoas, entre elas um clérigo xiita

O Ministério do Interior da Arábia Saudita comunicou que o país executou 47 pessoas neste sábado (2), condenadas à morte após serem consideradas culpadas pelo crime de terrorismo. Entre elas está o líder religioso xiita Nimr al-Nimr, crítico da família real saudita e apoiador dos protestos contra o governo da Arábia Saudita por parte da minoria xiita, realizados em 2011. A morte do líder religioso causou comoção e revolta no Irã, seu país de origem.

Nimr al-Nimr - Reprodução

Em anúncio transmitido pela TV saudita, o ministro do Interior informou que as 47 pessoas executadas neste sábado foram condenadas por terem se unido a “organizações terroristas” e por implementar vários “planos criminosos”. Elas foram executadas em 12 cidades sauditas, por decapitação por espada, método comumente usado no país, ou pelotão de fuzilamento, informou o ministro.

As execuções na Arábia Saudita aumentaram consideravelmente desde janeiro de 2015, quando o rei Salman chegou ao trono após a morte de seu pai, o rei Abdullah. Segundo organizações internacionais de direitos humanos, em 2015 o país executou pelo menos 157 pessoas condenadas por diversos crimes, inclusive tráfico de drogas e outras ofensas não letais – quase o dobro das 87 pessoas executadas em 2014.

O líder religioso xiita Nimr al-Nimr era considerado um dos mais proeminentes militantes pela democracia no reino, e segundo sua família e seus seguidores, promovia a resistência pacífica ao governo saudita. Sua execução provocou revolta em vários países, principalmente no Irã, onde o ayatollah Ali Khamenei, advertiu que a Arábia Saudita vai sofrer uma “vingança divina” pela execução de um mártir, que foi morto injustamente.

ONU

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse neste domingo (3) que está "profundamente consternado" com a execução das 47 pessoas, incluindo o líder religioso xiita Nimr Baqir al-Nimr.

Ban Ki-moon apelou “à calma e à moderação nas reações à execução de Nimr al-Nimr e pediu a todos os dirigentes da região para tentar evitar o agravamento tensões sectárias".

Anista Internacional

A Anistia Internacional também condenou a execução. “O assassinato de al-Nimr sugere que as autoridades da Arábia Saudita estão empregando a pena de morte em nome do antiterrorismo para ajustar contas e oprimir os dissidentes”, criticou, em comunicado, o diretor da Anistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Philip Luther.

Para a Anistia Internacional, cumprir essas sentenças de morte, “quando há sérias dúvidas sobre a legitimidade do julgamento, é uma justiça monstruosa e irreversível”.