Conferência de Grandes Lagos tenta soluções para crise no Burundi

O ministro angolano de Relações Exteriores, George Chicoty, dialoga com seus homólogos de Uganda e Quênia em Nairóbi para procurar soluções políticas para a crise que hoje atinge o Burundi.

José Eduardo dos Santos - Novo Jornal

O Jornal de Angola indica que tais conversas, que se realizam no âmbito da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (Cirgl), têm como principal objetivo fazer retornar a paz e a estabilidade a esse país, onde se registram atos de violência.

Segundo o veículo de imprensa, o chanceler do Burundi, Alain Amie Nyamitwé, foi convocado para as conversas, mais ainda não confirmou sua presença na capital queniana.

Chicoty entregou há duas semanas em Bujumbura uma mensagem do chefe de Estado José Eduardo dos Santos, que preside a Cirgl, para seu homólogo burundês, Pierre Nkurunziza.

A União Africana pretende enviar um contingente de paz para o Burundi, mas Nkurunziza rejeita tal propósito e argumenta que seu país tem forças suficientes para frear a violência.

Antes de chegar a Bujumbura, Chikoty disse à imprensa que a situação nessa nação é "preocupante para o mundo inteiro, principalmente para a região dos Grandes Lagos".

Um comunicado da chancelaria indica que, como presidenta da Cirgl, Angola tenta estabelecer pontes de diálogo com os demais Estados da região e organizações internacionais, de modo que as autoridades burundesas instalem as bases para uma verdadeira reconciliação sob premisas dos acordos de paz de Arusha.

Burundi enfrenta desde abril violentos protestos depois de Nkurunziza anunciar sua aspiração de apresentar-se a um terceiro mandato. Tal intenção é rejeitada pela oposição ao argumentar que viola a Constituição e o pacto de Arusha que pôs fim à guerra civil (1993-2005).

As eleições celebraram-se em julho e Nkurunziza ganhou com 69 por cento dos votos. Esse resultado não foi reconhecido pela comunidade internacional, que argumenta falta de garantias durante sua realização.

Desde essas eleições não cessou a violência no país sem saída ao mar, onde temores sobre um novo conflito foram retomados.

Integram a Cirgl, criada em 1994, Angola, Burundi, as repúblicas Centro-africana, Democrática do Congo e Congo, Quênia, Uganda, Ruanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia.