Folha omite depoimento que confirma propina a tucano

O depoimento do novo delator da Operação Lava Jato, Carlos Alexandre de Souza Rocha – que confirmou à Procuradoria-Geral da República o pagamento de R$ 10 milhões ao agora falecido ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra – explicita a maneira desigual com que a mídia tradicional trata as denúncias relativas ao PT e ao PSDB.

Sérgio Guerra

Ainda na manhã da quarta (6), já circulava na internet a notícia de que o delator havia confirmado o repasse milionário ao tucano. No jornal Folha de S.Paulo desta quinta (7), contudo, não há nenhuma linha impressa sobre a denúncia. No dia anterior, contudo, o jornal estampava título com acusações do mesmo Carlos Alexandre de Souza Rocha contra o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, do PT.

Quer dizer, quando o mesmo delator cita o PT, o tema ganha destaque. Quando o PSDB é acusado, nenhuma linha. A blindagem aos tucanos pelos meios de comunicação confirma que o que está em jogo não é exatamente o combate à corrupção, mas a tentativa de desgastar o partido que está no poder.

A revelação sobre a propina que teria sido paga a Guerra – morto em 2014 – foi feita inicialmente em agosto de 2014 pelo primeiro delator da Operação Lava Jato, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás. Segundo Costa, o dinheiro foi providenciado pela empreiteira Queiroz Galvão, para barrar a CPI da Petrobrasde 2009. O doleiro Alberto Youssef, outro delator, também havia confirmado o pagamento ao PSDB. Agora é Carlos Alexandre de Souza Rocha quem cita o repasse. O partido e a empreiteira negam que o fato tenha ocorrido. 

Ao invés de noticiar o fato novo, a Folha optou – claro – por priorizar o depoimento de Alexandre Paes dos Santos, delator da Operação Zelotes, que tenta criminalizar o ex-presidente Luiz Inácio da Silva por causa de Medidas Provisórias editadas em seu governo para promover o desenvolvimento nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e que criaram dezenas de milhares de empregos.

Afinal, Lula é do PT. E as denúncias contra o PSDB, ao olhos da Folha, sempre parecem menos importantes. Aliás, a mídia de forma geral tem tratado com dois pesos, duas medidas, os escândalos envolvendo os tucanos, como é o caso do mensalão mineiro e do trensalão paulistano.