Publicado 09/01/2016 10:01
O peemedebista lucrou R$ 917 mil com papéis emitidos por fundos de investimento movimentados pela Prece, o fundo de pensão dos funcionários da Cedae, companhia de água do Rio. As transações suspeitas ocorreram entre abril de 2004 e fevereiro de 2005 e foram alvo de uma investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo a PGR, a apuração da CVM constatou que as taxas de sucesso de Cunha nas operações foram de 100% no mercado de dólares e de 98% em outro papel. Cunha teria atuado em 23 pregões.
Segundo a CVM e a PGR, o esquema ocorreu da seguinte forma: "após tomar conhecimento prévio do resultado" que as operações iriam gerar, "os operadores deixaram para os fundos todos os negócios com preços desfavoráveis", enquanto alguns clientes determinados das corretoras "realizaram compras e vendas do mesmo contrato futuro que, invariavelmente, resultavam em 'ajustes do dia' positivos".
"Em outras palavras", apontou a PGR, "todos os prejuízos ficavam para os fundos e todos os lucros para determinados clientes das corretoras, dentre eles Eduardo Cunha, Lúcio Funaro". Para a PGR, havia um esquema "preordenado e preparado dentro de cada uma das corretoras e distribuidoras intermediárias envolvidas".
"Para se ter uma ideia, a probabilidade de se obter uma taxa de sucesso de 98% ocorre em uma vez para cada 257 septilhões. Sabendo-se que a chance de ganhar a Mega Sena quando se faz a aposta mínima é de 1 em 50 milhões, verifica-se que a chance de uma taxa de sucesso de 98% é praticamente nula e decorre claramente de uma fraude", afirma a PGR.
Ao todo, as perdas da Prece somaram, entre 2003 e 2005, R$ 56 milhões em valores da época não atualizados.
Em resposta, Eduardo Cunha afirmou à Comissão de Valores Mobiliários em sua defesa na apuração feita pelo órgão que seu excelente desempenho no mercado de capitais decorreu de operar "com convicção".