PM paulista volta a reprimir ato contra aumento da tarifa

Voltaram a se repetir, nesta terça (12), as cenas de violência vistas na última sexta (8) na capital paulista. Policiais militares usaram novamente bombas de efeito moral e gás de pimenta durante mais um ato contra o aumento da tarifa. Desta vez os policiais ainda sitiaram uma das áreas mais movimentadas da cidade. A ação violenta atingiu pedestres que não participavam da manifestação e jornalistas. Em seus perfis do Facebook alguns internautas relataram as agressões policiais.

repressão policial sp - Foto: Hélio Carlos Mello, para Jornalistas Livres

Antes do ataque aos manifestantes mais de 100 policiais cercavam a concentração do ato que aconteceu na praça do Ciclista. No início da ação policial foram presas duas pessoas sob “acusação” de portarem uma corrente e uma tesoura na mochila.

Segundo relatos da Folha On line e do Uol, os policiais começaram a usar as bombas e o gás ainda quando os manifestantes estavam cercados na concentração. Além dos manifestantes, a polícia também direcionou as bombas, que são “muitas”, segundo jornalistas, contra os pedestres que estavam nas ruas próximas e também contra jornalistas que cobriam o ato.

O estopim dos ataques da PM foi a discordância em relação ao trajeto planejado pelos manifestantes, que desceriam a avenida Rebouças rumo ao largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste da cidade. “PM quis forçar um novo trajeto (Consolação até República), mas os manifestantes entendem que isso é uma violência policial arbitrária”, escreveu no twitter o Movimento Passe Livre.

Segundo o porta-voz do MPL, Vitor dos Santos, o movimento planeja novas manifestações para a próxima quinta (14) no Largo da Batata e no bairro de Santo Amaro. “Nossa ideia é pulverizar os protestos”, disse.

No último sábado (9), o preço da passagem de ônibus, trem e metrô em São Paulo subiu para R$ 3,80, contra o valor anterior de R$ 3,50. Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, 25 cidades já anunciaram aumentos nas tarifas de ônibus e metrôs para este ano, com índices médios que variam de 8% a 13%.

Gás lacrimogêneo em casa

Eduardo Araújo, que mora próximo da Avenida Paulista, relatou o que viu em sua página no Facebook.

Os amigos de São Paulo que moram longe daqui do Centro não fazem ideia do terror que foi mais esse fim de tarde de repressão policial. Não sei que história está sendo contada na grande mídia, mas o que vi “de camarote” hoje da minha janela foi, de novo, feio demais. A polícia jogou muita bomba pra cima de uma rua lotada de gente que passava, gente claramente voltando do trabalho, da escola, gente comendo alguma coisa na lanchonete, gente carregando sacola de compra do mercado, gente abastecendo no posto de gasolina… Foi grande a correria. Passei mal com o gás lacrimogêneo dentro do meu apê, ainda sinto dor de cabeça – imagine quem estava na rua! Não consigo encontrar justificativa para essa ação atabalhoada, porque nada de anormal estava concretamente acontecendo, ao menos por aqui. Tampouco nutro fetiche por violência promovida pelo Estado, sobretudo porque cada uma daquelas bombas, cada tanque de gasolina das motos e dos caminhões da tropa de choque custam nosso dinheiro! Por isso, fico preocupado e horrorizado com essas cenas lamentáveis e é por isso que faço questão de compartilhar com vocês o que eu vi.