Repressão no Saara Ocidental

As forças marroquinas reprimiram duas manifestações na cidade de Bojador. De acordo com a Associação Saarauí dos Direitos Humanos, dezenas de pessoas ficaram feridas no protesto realizado no dia 6 de janeiro exigindo trabalho, uma vida digna e o fim da ocupação do território. Os participantes, afirma a mesma fonte, denunciaram que enquanto Marrocos explora com elevados lucros os recursos naturais no Saara Ocidental, a população sobrevive na miséria.

Marrocos - Fadel Senna/AFP/Getty Images

Uma manifestação semelhante, dispersa igualmente com recurso à violência, havia já ocorrido no dia 1 de janeiro, mobilizando sobretudo licenciados desempregados.

Entretanto, a Associação de Familiares Presos e Desaparecidos Saarauís alertou para a degradação do estado de saúde de Mohmed Bambari, preso político saarauí encarcerado em El Aiún, que se encontra em greve de fome desde meados de dezembro em defesa de um julgamento justo e da sua libertação até que tal suceda. O ativista foi detido a 28 de agosto de 2015, acusado de envolvimento nos confrontos com colonos marroquinos em Daijla, e condenado em 4 de novembro a 12 anos de reclusão.

Em 30 de dezembro do ano passado, o Centro Robert F. Kennedy para a Justiça e os Direitos Humanos apresentou às Nações Unidas um relatório no qual acusa a monarquia marroquina de não estar interessada em resolver pacificamente o conflito com o Saara Ocidental, nomeadamente através de negociações para a realização de um referendo sobre a autodeterminação do território, conforme aprovado na ONU.

A organização norte-americana exortou ainda as Nações Unidas, designadamente através do Comitê de Direitos Humanos, a investigar os relatos de tortura, execuções e desaparecimentos desde 1991, bem como a obter do governo de Rabat explicações sobre o consentimento dos saarauís para a exploração dos recursos naturais da sua pátria, os passos dados para o desmantelamento do muro que separa as zonas ocupadas do restante território, e as iniciativas para garantir o respeito pela liberdade de expressão e associação.