Barrar as guerras imperialistas e construir um mundo de paz

Em artigo publicado na edição impressa do Vermelho especial para o Fórum Social Temático, em Porto Alegre, Wevergton Brito Lima, da Comissão de Política e Relações Internacionais do PCdoB afirmou em artigo que os EUA e a União Europeia tem sido cada vez mais questionados no mundo por seu papel de agente promotor das guerras. 

Por Wevergton Brito Lima

Guerras provocadas pelos EUA

O mundo vive uma conjuntura internacional marcada por constantes ameaças à paz, em meio à crise capitalista mundial que persiste, sob o domínio da oligarquia financeira globalizada e a acirrada luta pelo reordenamento do sistema de poder mundial.

No Oriente Médio, a Síria segue enfrentando o terrorismo de grupos armados, treinados e financiados por Estados Unidos, França, outros países da União Europeia, Israel, Turquia e monarquias reacionárias árabes. Já a Palestina sofre com o terrorismo do Estado sionista, que continua com as agressões e ocupações ilegais contra o povo palestino. Na Ucrânia, um golpe de Estado organizado pelo imperialismo levou ao poder facções neofascistas.

A violação sistemática do direito internacional, o militarismo, o intervencionismo, a guerra como meio de política externa e o desrespeito à soberania nacional, são fatores que contribuem decisivamente para as diversas tragédias humanitárias que vitimam inclusive os povos dos países imperialistas, que sofrem os efeitos da política belicista dos seus governos, como vimos em 2015 no caso dos inaceitáveis atentados na França.

É neste contexto de importantes crises humanitárias que o braço armado dos EUA e da União Europeia – a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – desenvolveu na Europa, de 21 de outubro a 06 de novembro, especialmente nos territórios da Itália, da Espanha e de Portugal, gigantescos exercícios militares batizados de Trident Juncture, os maiores desde o fim da guerra fria.

A demonstração de força foi como uma afirmação de que a estratégia da guerra será a resposta preferencial do capitalismo em crise, como forma de intimidação dos povos que lutam por soberania e justiça social.

Em nosso continente latino-americano prossegue vigorosa a ofensiva conservadora. O resultado do pleito presidencial argentino e das eleições parlamentares na Venezuela são expressões eleitorais deste fenômeno.

O novo presidente do parlamento venezuelano, Henry Ramos Allup, diz que em seis meses irá depor o presidente da República Nicolas Maduro, enquanto o recém-empossado presidente argentino, Mauricio Macri, volta suas baterias contra a Venezuela e as conquistas sociais e democráticas do povo argentino. A eleição de Macri na Argentina e a derrota do bolivarianismo nas eleições parlamentares da Venezuela representam claras ameaças ao processo de integração soberana e solidária do nosso continente e representam um significativo revés. Voltarão à pauta política com nova força, por exemplo, projetos com o mesmo objetivo neocolonialista da Alca.

No Brasil, que também sofre com o forte impacto da crise capitalista mundial, o cenário continua sendo ameaçador e instável, com períodos de refluxo da onda golpista seguida por novas séries de ataques da direita.

Embora não subestimemos o poder da ofensiva conservadora, que conta a seu serviço com poderosos instrumentos, rejeitamos qualquer fatalismo ou derrotismo pois a luta está em pleno curso e as forças progressistas hoje têm mais instrumentos a seu favor do que em 2001 quando o Fórum Social Mundial realizou sua primeira edição.

Apesar do aparato midiático que falsifica e distorce a realidade, na América Latina diversas formas de resistência começam a acumular forças para uma contraofensiva. No mundo inteiro um número cada vez maior de pessoas questiona o verdadeiro papel dos EUA e da União Europeia na escalada de guerra e terrorismo contra países soberanos, seja financiando fundamentalistas e mercenários, seja através de conhecidas técnicas de desestabilização social, incluindo a sabotagem econômica.

Esta percepção sobre o papel do imperialismo pode levar a outra mais importante, qual seja: a causa final tanto das crises, quanto da guerra e da destruição do meio ambiente é o capitalismo.

Assim, para que seja possível vivermos em um mundo de paz e solidariedade, onde o direito fundamental de qualquer ser humano a uma vida livre e digna não esteja subordinado aos interesses das grandes corporações empresariais e financeiras, é preciso interferir efetivamente para mudar a realidade concreta, através de uma ação ampla, inovadora e unitária na luta contra o imperialismo e pelo socialismo, pois sem isso a defesa “dos direitos dos povos e do planeta” corre o sério risco de se tornar um slogan vazio.

 

Wevergton é jornalista, membro da Comissão de Política e Relações Internacionais do PCdoB