Espanha: sindicalismo se opõe a um governo PSOE-Ciudadanos

Os dois principais sindicatos da Espanha se mostraram nesta quinta-feira (4) contrários a uma eventual coalizão de governo entre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a organização de centro-direita Ciudadanos (C's).

Ignacio Fernández Toxo e Cándido Méndez

Em declarações a jornalistas, os líderes da Comissões Operárias (CCOO), Ignacio Fernández Toxo, e da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Cándido Méndez, concordaram que o C's não seria um parceiro conveniente para formar um Executivo progressista, como pretende o PSOE.

Para eles, o partido liderado por Albert Rivera não tem entre suas prioridades conduzir políticas de progresso em matéria trabalhista, e lembraram a proposta que ele fez, de contrato único de trabalho, com a qual concorreu às eleições de 20 de dezembro de 2015.

“Algumas de suas propostas não parecem adequadas para levar adiante o projeto reformista e de mudança pelo que aposta o secretário-geral dos socialistas, Pedro Sánchez”, afirmou Fernández Toxo.

Méndez referiu-se diretamente à ideia de estabelecer um acordo único, rechaçado pela CCOO e pela UGT ao considerar, entre outros argumentos, que esse tipo de contrato concede ao empresário total liberdade para demissão de trabalhadores.

Não obstante, ambos dirigentes sindicais desejaram sorte a Sánchez em suas negociações com as forças políticas para tentar constituir um governo alternativo ao de Mariano Rajoy, do conservador Partido Popular (PP).

Para o dirigente das Comissões Operárias, o objetivo deve ser evitar a realização de novas eleições, “porque prolongar a incerteza não beneficia em nada a Espanha”, enfatizou.

Ele advertiu também que pior ainda seria voltar aos tempos de uma administração neoliberal, em alusão aos quatro anos de mandato do PP.

Os dois dirigentes concordaram que o futuro Executivo deve ter como objetivo principal de sua gestão a luta contra o desemprego e a desigualdade, a recuperação do emprego de qualidade e dos salários, assim como a defesa dos serviços públicos.

Prosseguindo seu trabalho para tentar submeter à apreciação um novo governo, como foi encarregado pelo rei Felipe VI, Sánchez reuniu-se nesta quinta com Rivera, cuja organização é vista como aliada natural do Partido Popular.