Máscaras de políticos ganham as ruas no carnaval
Depois de um ano repleto de episódios políticos marcantes, não falta inspiração para quem busca unir política e humor no carnaval deste ano. As máscaras são acessórios básicos que podem assumir um tom de crítica ou de sátira quando representam personalidades conhecidas do cenário político.
Publicado 08/02/2016 10:11

Em 2016, três personagens prometem ganhar as ruas: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e o chefe do núcleo de Operações da Polícia Federal em Curitiba, Newton Ishii, popularmente conhecido como “japonês da federal”.
A espanhola Olga Valle, 58 anos é enfermeira por formação, mas há 22 anos – desde que veio morar no Brasil – trabalha em uma fábrica no Rio de Janeiro que produz artigos de fantasias, com um catálogo exclusivo de máscaras de políticos. A proprietária conta que além das três novidades deste ano (Cunha, Delcídio e “japonês da federal”), máscaras do ex-presidente Lula, da presidente Dilma e do ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa também têm tido boa saída para o comércio.
Dentro do catálogo de máscaras de políticos a fábrica dispõe até mesmo da categoria “Internacional”, com personalidades mundialmente conhecidas como o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi; o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez; o ativista e ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela; o ditador iraquiano Saddam Husein e o líder da organização terrorista Al-Qaeda, Osama Bin Laden. A máscara do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é a mais demandada pelas lojas de fantasias, e, neste ano a pré-candidata pelo partido Democrata na corrida presidencial dos EUA também vai ganhar as ruas: a máscara de Hillary Clinton é um dos lançamentos da fábrica.
São mais de 56 modelos de máscaras. Todo ano a equipe de criação pensa nos novos personagens que serão produzidos para a festa. “Esse ano eram muitos. A gente vê quem sai mais nos jornais. Quem aparece mais na mídia são os escolhidos – ou porque fez muito mais coisa errada do que os outros ou porque fez muito mais certo”, conta Olga.
Este ano, depois de sofrer uma ameaça de processo, a fábrica desistiu da ideia de produzir máscaras do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, preso em decorrência das investigações da Operação Lava Jato. Essa foi a primeira vez que tiveram este tipo de problema, afirma Olga: “Os políticos têm um bom jogo de cintura, encaram com bom humor”.
O valor das máscaras pode variar de R$ 4 a R$ 50, dependendo do material utilizado e dos detalhes que compõem o produto final, como pelúcia ou tecido. No entanto, Olga conta que as vendas de 2016 estão mais fracas, consequência do calendário – que este ano antecipou o carnaval – e da crise econômica. Na festa deste ano vendas de máscaras de políticos ficaram entre 8 e 10 mil unidades. Em 2012, durante o julgamento do mensalão, máscaras do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa fizeram sucesso “vendemos 15 mil máscaras só dele”, lembra Olga.
Como o volume de vendas é flutuante, a categoria de máscaras de políticos não chega a ser o carro-chefe da fábrica e representa entre 10 e 20% do faturamento da empresa. “Tem algumas que não vendem, encalham mesmo. A Graça Foster nunca vendeu bem, nem o Serra. Marina (Silva) também teve uma venda muito tímida”, conta a proprietária.
Independente do personagem escolhido, seja em tom de elogio ou de crítica, certamente não vão faltar opções para quem gosta de misturar política e folia.