Jorge Furtado: perseguição a Lula é tentar enfraquecê-lo para 2018
Nunca houve uma perseguição política contra um homem público como a que a direita e sua mídia estão fazendo agora contra Lula. O objetivo é só um: tentam enfraquecê-lo para a eleição de 2018 quando pretendem, pela quinta vez, retomar o poder que perderam em 2002.
Publicado 15/02/2016 10:10
Getúlio e Jango, outros dois presidentes que desagradaram interesses da elite brasileira (aumentaram o salário mínimo, protegeram a Petrobras dos interesses americanos, etc.), sofreram perseguição semelhante em 1954 e 1964, mas na época os jornais, rádios e tevês falavam sozinho e foi mais fácil e rápido derrubar os presidentes democraticamente eleitos.
A resistência contra um golpe de estado hoje seria bem maior. O fato de Lula ser um sobrevivente do “apartheid" brasileiro, sem a vocação suicida de um fazendeiro rico e deprimido como Getúlio, e a memória da tragédia da ditadura militar que sucedeu Jango, sugerem que desta vez a direita terá que voltar ao poder pelo voto.
Por isso a campanha midiática contra Lula é tão importante e de intensidade inédita. A notoriedade que hoje dão às decisões de um juiz medíocre de primeira instância em Curitiba e sua turma de policiais e procuradores tucanos é parte deste espetáculo grotesco, onde a imprensa de direita é, mais uma vez, a protagonista.
Aparentemente, a campanha está funcionando. Cresce o número de midiotas – leitores sem tempo para ir além dos telejornais e das manchetes da velha imprensa, onde pouco jornalismo sobrevive – que acreditam que Lula cometeu vários crimes, embora eles não saibam citar nenhum, se perguntados.
Os midiotas também não sabem em quem pretendem votar, não tem projeto algum para o país, não são a favor de nada ou de ninguém, são apenas “contra o Lula” e “contra o PT”.
Você não verá midiotas defendendo os políticos de oposição, até porque as opções são tão frágeis que eles sonham com a invenção de algum novo Collor, como Joaquim Barbosa, a tempo de enfrentar Lula ou algum candidato apoiado por ele – Ciro Gomes, por exemplo – antes de 2018.
Esta lógica, votar em “qualquer coisa menos o PT”, já produziu aberrações como Ivo Sartori, o desgovernador do Rio Grande do Sul. Se a midiotice tem poder suficiente para provocar estrago semelhante no país, descobriremos em 2018.